Bioequivalência de Formulações Tópicas Contendo Corticoides: Uma Evolução do Cenário Brasileiro Atual
Furoato de Mometasona. Valerato de Betametasona. Propionato de Clobetasol. Equivalência farmacêutica. Bioequivalência. Estudo farmacodinâmico. Ensaio de Branqueamento. Corticosteroides.
Os glicocorticoides representam uma classe de fármacos de escolha para o tratamento muitos problemas inflamatórios incluindo doenças dermatológicas. Quando em formulações tópicas (cremes, espumas, géis, loções e pomadas), são aplicadas em diversas superfícies do corpo, como a pele e membranas mucosas. Em virtude do grande número de medicamentos tópicos comercializados no Brasil em comparação com outros países, e da necessidade de garantir maior segurança aos usuários, foi publicada a RDC nº 742/2022. Essa norma trouxe mudanças no registro de produtos tópicos brasileiros, incluindo, além do estudo de equivalência farmacêutica, o ensaio de bioequivalência por meio do teste farmacodinâmico, que avalia comparativamente a intensidade da vasoconstrição, um efeito colateral dos corticoides. Diante disto, esse estudo teve por objetivo, discutir o cenário brasileiro atual dos corticoides tópicos, através da avaliação de medicamentos disponíveis no mercado brasileiro contendo furoato de mometasona, valerato de betametasona e propionato de clobetasol. Foi realizado estudo equivalência farmacêutica com produtos contendo o furoato de mometasona, e estudo piloto de branqueamento com produtos referência dos três fármacos. Os participantes de pesquisa foram selecionados de acordo com sua resposta à vasoconstrição causada por corticoides tópicos, e critérios de inclusão e exclusão específicos. Os estudos pilotos foram realizados seguindo a metodologia da legislação brasileira (RDC 742/2022) e internacional (FDA, 1995 e 2022), as quais apresentam diferentes diretrizes quanto ao número de participantes, quantidade de sítios de aplicação por braço, quantidade de sítios brancos e adequada resposta de branqueamento. Para obtenção dos dados de leitura, foram utilizados dois modelos distintos de equipamentos, sendo um cromômetro e um espectrofotômetro previamente calibrados. Os equipamentos medem refletância de pulso de luz de fonte de xenônio em termos de três medidas: a escala L (claro-escuro), escala A (vermelho-verde) e a escala B (amarelo-azul), sendo estes valores utilizados para caracterizar uma cor. Ainda, foram utilizados softwares estatísticos distintos para cálculo do valor da resposta máxima de branqueamento causada pelos corticoides, o Emax (efeito máximo de branqueamento), que é o parâmetro utilizado para a condução do estudo principal de branqueamento. Após a realização de ensaios de Equivalência farmacêutica, avaliando-se composição qualitativa, pH, teor, viscosidade, comportamento reológico e avaliação microbiológica, concluiu-se que as duas formulações genéricas contendo furoato de mometasona apresentaram resultados semelhantes ao Topison®, seu medicamento de referência. Os resultados dos estudos pilotos conduzidos com valerato de betametasona e propionato de clobetasol demostraram que não houve diferença entre os equipamentos nem entre os softwares estatísticos utilizados. Mesmo o ensaio de vasoconstrição (VCA), sendo um método já bem estabelecido em outros países, seu uso no Brasil ainda é recente. Diante disto, e considerando que este teste é influenciado pela variabilidade genética, tipo de pele, manuseio do equipamento, entre outros, esses dados têm uma relevância significativa para o ambiente regulatório do país.