DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DE SISTEMAS MULTIPARTICULADOS À BASE DE Libidibia ferrea COMO ALTERNATIVA NO TRATAMENTO DE DIABETES MELLITUS
Jucá. Granulados. Pellets. Fitoterápico. Formulação farmacêutica
A espécie vegetal Libidibia ferrea, conhecida como “pau-ferro” ou “jucá”, é amplamente utilizada na etnofarmacologia e, dentre suas diversas atividades, possui a propriedade antihiperglicemiante. Diabetes mellitus é um grupo de distúrbios metabólicos que apresentam a hiperglicemia como fator preponderante. É preocupante, em função do constante aumento de casos no Brasil e no mundo, além dos crescentes gastos relacionados ao seu tratamento. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver sistemas multiparticulados a partir das cascas do caule de L. ferrea, a fim de promover uma alternativa ao tratamento de diabetes mellitus tipo II. Foi realizada a obtenção, processamento e caracterização da planta medicinal, droga vegetal, solução extrativa e extrato seco de L. ferrea. A identificação e quantificação de metabólitos secundários no extrato seco foram realizadas através de métodos gerais e cromatografias em camada delgada e em camada líquida de alta eficiência. A segurança do extrato foi analisada através do ensaio de toxicidade aguda em ratos, e citotoxicidade em células musculares e hepáticas. A avaliação das atividades biológicas foi realizada por meio da investigação da atividade antioxidante, e o consumo de glicose por células adiposas. Para desenvolvimento dos sistemas multiparticulados, após estudo de compatibilidade entre o extrato seco e excipientes pré-selecionados, foram realizados planejamentos fatoriais para obtenção de grânulos e pellets que, em seguida, foram caracterizados quanto a parâmetros tecnológicos, sendo eles: rendimento da formulação, características organolépticas, análise granulométrica, características reológicas, análise por microscopia eletrônica de varredura e análise térmica. A droga vegetal, solução extrativa e extrato seco apresentaram valores de caracterização dentro do permitido pela Farmacopeia Brasileira. O extrato seco apresentou 420,57mg/g de compostos fenólicos, 23,20mg/g de flavonoides, 15,27% (p/p) de taninos totais, 0,98µg/mg de ácido gálico e 1,99µg/mg de ácido elágico. Apresentou atividade antioxidante pelos métodos DPPH, ABTS e TAC; e aumentou a capacidade do consumo de glicose pelos adipócitos. O extrato se apresentou não citotóxico e seguro com DL50 estimada superior a 2000 mg/kg. Os grânulos e pellets obtidos apresentaram coloração marrom claro opaca e a microscopia eletrônica de varredura revelou superfície e morfologia levemente irregular, assemelhando-se a pequenos cilindros. Apresentaram predominância de tamanho de 600μm e características reológicas compatíveis com a classificação do fluxo excelente. Na análise térmica, observou-se uma perda de massa, com gradual declínio em temperaturas acima de 200 °C. Foi possível realizar o desenvolvimento dos sistemas multiparticulados à base da L. ferrea com boas características tecnológicas, as quais sugerem continuidade de estudos de desenvolvimento, a fim de proporcionar futuramente uma alternativa eficaz no combate à síndrome da diabetes mellitus tipo II