SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTICANERÍGENA DE NOVOS HÍBRIDOS DE 1,2,3-TRIAZOL E FTALIMIDA
Heterociclos, Hibridização Molecular, Cicloadição, CuAAC, Câncer, Docking Molecular.
Caracterizado como um conjunto de doenças de origem multifatorial marcada pela multiplicação desordenada de células com caráter invasivo, o câncer integra o grupo das 10 principais causas de morte mundial com crescente relevância epidemiológica. Entre as suas opções de tratamento, a quimioterapia se destaca devido sua eficácia e contínua contribuição na remissão e sobrevida dos pacientes com câncer. Entretanto, problemas de toxicidade, farmacocinética, solubilidade e estabilidade têm fomentado os esforços para a descoberta de novos representantes desta classe que suplantem tais problemas. Na busca por novos compostos com atividade anticâncer, os núcleos 1,2,3-triazóis e ftalimidas se destacam por apresentarem propriedades farmacológicas promissoras, podendo serem utilizados em estratégias de hibridização molecular na obtenção de novos protótipos farmacêuticos. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo a síntese, caracterização e avaliação das propriedades anticancerígenas de novos híbridos de 1,2,3-triazol e ftalimida. Para isso, as azidas foram obtidas por substituição nucleofílica bimolecular e então empregadas na reação de Copper-catalysed Azide-Alkyne Cycloaddition (CuAAC) para a obtenção dos híbridos contendo ambos os núcleos 1,2,3-triazol e ftalimida. Após caracterizados, foi avaliada a citotoxicidade dos híbridos pelo método do MTT (brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio) frente diferentes linhagens de células cancerígenas e a linhagem não cancerígena Vero. Os híbridos foram obtidos com rendimentos que variaram de bom a ótimo. Todos os compostos apresentaram algum grau de citotoxicidade frente as células cancerígenas, com destaque para os híbridos 4e, 5h e 5i, com atividade moderada, mas direcionada para as linhagens HT-29 e HL-60 (CI50 = 14,92- 17,95 μg/mL). O híbrido 5g apresentou forte atividade citotóxica frente às linhagens HT-29, NCI-H279 e K562 (CI50 variando de 7,77 a 8,08 µg/mL), além de se mostrar altamente ativo (CI50 < 5 µg/mL) frente MCF-7 e HL-60. Adicionalmente, o composto 5g apresentou alta seletividade citotóxica frente as linhagens cancerígenas (IS entre 3,85-16,22), indicando sua tendência de atuar sobre tais células causando menores efeitos sobre as células saudáveis. Os híbridos 5g e 5i mostraram-se capaz de gerar alterações morfológicas sobre as células cancerígenas, além de induzir apoptose, despolarização da membrana mitocondrial, fragmentação do DNA e arraste das células para a fase G1/G0. Os estudos de docking molecular mostraram interações estáveis com o DNA, sugerindo que a citotoxicidade destes compostos esteja ligada ao dano direto ao DNA e à apoptose pela via intrínseca. Estes achados fomentam esforços futuros que possam cooperar para a prospecção de novos candidatos a fármacos anticancerígenos.