Modelagem de parâmetros experimentais para otimização da eletromigração de fármacos em extração por eletromembrana para predição da permeação iontoforética
Iontoforese; Extração por Eletromembrana; Permeação; Cafeína; Atenolol; Cetoprofeno; Ibuprofeno
A EME é uma técnica de pré-tratamento de amostra que utiliza a aplicação de um campo elétrico para facilitar o transporte de compostos da fase doadora (FD) para a fase aceptora (FA) através de uma membrana líquida suportada. Esta técnica é capaz de reduzir interferentes da amostra e levar à pré-concentração de substâncias de forma simples, rápida, de menor custo e requer o uso de menos solventes orgânicos. A iontoforese é uma técnica muito estudada e utilizada clinicamente para a potencialização da administração de medicamentos através da pele e outras membranas biológicas sob influência da intensidade de corrente partilhando de um princípio semelhante ao da EME. O presente estudo teve como objetivo determinar a influência de parâmetros experimentais na eletromigração de fármacos por EME, voltado ao delineamento de um modelo para a avaliação da permeação iontoforética in vitro. Para a otimização da EME em condições compatíveis com as empregadas na iontoforese dos fármacos cafeína (CAF), cetoprofeno (CET), atenolol (ATE) e ibuprofeno (IBU) foi realizado um planejamento fatorial completo para analisar as variáveis FD, FA, T (tempo) e I (corrente) e estabelecer a melhor condição de extração para cada composto tendo o octanol como MLS (membrana líquida suportada) para os compostos ácidos e básicos em estudo. Os pHs de fase doadora de melhor extração para CAF, CET, ATE e IBU foram pH 8,5, pH 6,0, pH 7,5 e pH 7,0, enquanto que para fase aceptora foram de pH 7,0, pH 7,5, pH 6,0, 8,5, respectivamente. A intensidade de corrente aplicada que refletiu em maiores valores de extração foi de 2mA, equivalente a 0,9 mA/cm2na iontoforese, por um tempo de 20min para todos os fármacos. A quantificação dos fármacos foi realizada por CLAE-DAD com fase móvel composta por 75% MeOH na fase orgânica e 25% ácido acético glacial (1%) e trietilamina (0,1%) na fase aquosa. As metodologias analíticas que foram desenvolvidas, otimizadas e validadas para a quantificação dos fármacos em EME com valores aceitáveis de precisão (1,57% - 9,4%, 1,04% - 1,63%, 4,91% - 12,8% e 1,03% - 8,33%) e exatidão (3,3% - 4,1%, 3,0% - 6,4%, 2,2% - 3,1% e 1,9% - 2,1%), com limites de detecção (LD = 0,35µg/mL; 1,2µg/mL; 0,38µg/mL; 0,37µg/mL) e limites de quantificação (LQ = 1µg/mL; 5µg/mL; 1,2 µg/mL; 1,11µg/mL) para CAF, CET, ATE e IBU, respectivamente. Com a definição das melhores condições de extração dos fármacos validadas, os eletrodos de platina tradicionalmente aplicados na EME foram substituídos pelos eletrodos de Ag e AgCl utilizados na iontoforese. A EME realizada com os eletrodos de Ag e AgCl propiciou a maiores valores de recuperação de extração de forma significativa e a diferença foi avaliada segundo o test-t com um p<0,05 indicando que houve um aumento da extração dos fármacos com a substituição de eletrodos. Com isso, é possível apontar experimentalmente compatibilidade entre a EME e a iontoforese para os fármacos ácidos e básicos testados a fim de avançar com a tentativa de utilizar a EME como técnica de predição e triagem da iontoforese voltada à redução do uso de membranas biológicas para estudos de permeabilidade aplicados na iontoforese.