Dispersões Sólidas Amorfas de Clofazimina: da Obtenção aos Perfis de Dissolução
clofazimina; dispersão sólida amorfa; evaporação de solventes; fusão
As doenças tropicais negligenciadas representam um grande desafio de saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil. Entre essas doenças, a hanseníase se destaca pelo impacto histórico, social e econômico, além do estigma associado aos pacientes. Este estudo investiga a eficácia de diferentes métodos de obtenção de dispersão sólida contendo clofazimina, bem como a capacidade de amorfização em diferentes drug loadings, e avalia seus perfis de dissolução sob diferentes condições de pH. As dispersões sólidas amorfas dispersam molecularmente o fármaco em uma matriz polimérica na forma amorfa, sendo uma abordagem promissora para melhorar a solubilidade e, portanto, a biodisponibilidade da clofazimina. Os métodos de evaporação de solventes e quench-cooling foram explorados, e os sistemas resultantes foram caracterizados quanto à solubilidade, estado amorfo e perfis de dissolução. Os principais resultados indicam que as dispersões obtidas pelo método quench-cooling apresentaram maior taxa de dissolução e estabilidade sob condições de pH variadas em comparação ao método de evaporação de solventes. A análise espectroscópica de infravermelho e de difração de raios-X confirmou a dispersão amorfa da clofazimina na matriz polimérica, enquanto os ensaios de dissolução demonstraram um aumento significativo na solubilidade da clofazimina. Para as dispersões obtidas pelo método quench-cooling em pH 1,2, os sistemas de HPMCP com 10% e 50% apresentaram Cmáx de 22,9 e 21,9 μg/mL, respectivamente. No pH 6,8, os mesmos sistemas mostraram Cmáx de 191,7 e 89,9 μg/mL, respectivamente. As DSAs de Soluplus com 10% e 30% de drug loadings apresentaram Cmáx de 30,8 e 28,4 μg/mL em pH 1,2, e 102,9 μg/mL e 119,7 μg/mL em pH 6,8. Os perfis de dissolução mostraram que, em pH 1,2, as dispersões de HPMCP e clofazimina possuem uma liberação mais lenta e sustentada, enquanto os sistemas com Soluplus apresentaram liberação imediata. Em pH 6,8, as dispersões de HPMCP mostraram alta solubilidade inicial seguida de queda nas concentrações, indicando precipitação do fármaco. Os sistemas obtidos pelo método de evaporação de solventes apresentaram perfis de solubilidade semelhantes aos sistemas obtidos por quench-cooling em pH 1,2. No entanto, em pH 6,8, os valores de AUC foram menores, sugerindo que o método quench-cooling resulta em melhores parâmetros de dissolução. Esses dados sugerem que o método quench-cooling, em geral, resulta em melhores parâmetros de dissolução quando comparado ao método de evaporação de solventes, especialmente em termos de Cmáx e AUC.