DIAGNOSE FARMACOBOTANICA E ANALISE DO PERFIL FITOQUIMICO E NUTRICIONAL DE UMA PLANTA ALIMENTICIA NAO CONVENCIONAL: ARARUTA COMUM (Maranta arundinacea L.)
Marantaceae, Anatomia, Histoquímica, Oxalato de cálcio, Alimento funcional.
A família Marantaceae reúne cerca de 31 gêneros e 535 espécies tropicais, entre as quais se destaca Maranta arundinacea L. (araruta comum), tradicionalmente empregada na alimentação e na medicina popular pelas populações indígenas das Américas. Reconhecida como Planta Alimentícia Não Convencional, a espécie possui amido de alta digestibilidade, rico em amilopectina e com propriedades tecnológicas adequadas às indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética. Apesar desse potencial, faltam estudos integrativos que assegurem a identificação correta da planta, caracterizem seus metabólitos e validem seu valor nutricional. Este trabalho teve como objetivo geral diagnose farmacobotânica e analisar o perfil fitoquímico e nutricional da Planta Alimentícia Não Convencional M. arundinacea, com o intuito de contribuir para o conhecimento científico de suas características morfológicas, químicas e seu potencial como recurso alimentar funcional. Para tal, amostras provenientes de cultivo orgânico em Rio Formoso-Pernambuco foram coletadas para herborização e identificação (IPA 95060). A morfologia externa e a anatomia da raiz, rizoma, pulvino, pecíolo e lâmina foliar foram descritas segundo critérios padronizados em morfologia e anatomia vegetal. Testes histoquímicos foram realizados para localizar metabólitos primários e secundários. A prospecção fitoquímica ocorreu por CCD e foi realizado o doseamento de ácido oxálico por titulação. Lâminas foliares e rizoma foram submetidos a análises físico-químicas e de composição centesimal. Os resultados revelaram caracteres de diagnose da morfologia externa e anatômicos, como raiz poliarca com esclerênquima central, pulvino e pecíolo sem tricomas e lâmina foliar anfiestomática com cristais prismáticos. Na histoquímica e fitoquímica foram evidenciados diferentes metabólitos e local de acúmulo. Foi evidenciado que o oxalato total nas folhas foi de 35,8 g 100 g⁻¹ MS. O rizoma apresentou pH 6,2, acidez titulável 2,1 %, umidade 74 %, carboidratos 23 % e baixo teor lipídico e proteico, confirmando perfil energético leve e potencial funcional. Conclui-se que M. arundinacea combina atributos botânicos, bioativos e nutricionais que endossam seu uso tradicional e indicam aplicações em alimentos, fitoterápicos e biomateriais. Os dados gerados subsidiam políticas de incentivo à Planta Alimentícia Não Convencional, fortalecem a agricultura familiar e abrem perspectivas para pesquisas voltadas ao isolamento de compostos, redução de oxalatos e desenvolvimento de produtos naturais inovadores.