Desenvolvimento de forma farmacêutica sólida como estratégia para uniformização da terapia para hanseníase
Nanopartícula polimérica, Clofazimina, Via oral, PLGA, PCL
A hanseníase é uma doença infecciosa milenar com registros a.C, causada pelo Mycobacterium leprae sendo considerada uma Doença Tropical Negligenciada (DTN). Caracteriza-se por comprometimento sensorial, motor e aparecimento de lesões pelo corpo que é responsável pelo estigma social que acompanha a patologia a séculos. O tratamento é realizado por meio de uma poliquimioterapia formada por dapsona, clofazimina e rifampicina que pode variar de 6 a 12 meses, com doses mensais e diárias. A administração simultânea de clofazimina e dapsona é indispensável na terapia, por isso um medicamento dose combinada utilizando estes fármacos, pode proporcionar comodidade posológica e adesão terapêutica. Isso porque, a taxa de abandono é alta devido ao longo período de tratamento e variados efeitos colaterais causados pelas limitações físico-química dos fármacos, sobretudo a clofazimina. As nanopartículas poliméricas são uma opção viável para auxiliar a baixa solubilidade e alta lipofilicidade da clofazimina pois proporcionam melhora da biodisponibilidade do fármaco, liberação sustentada, direcionada e redução da dose, melhorando a resposta terapêutica. A presente qualificação apresenta estudos prévios ao desenvolvimento de uma forma farmacêutica sólida em dose fixa combinada de dapsona e clofazimina, em que essa última está incorporada em nanopartículas poliméricas. Desenvolveu-se nanopartículas poliméricas de policaprolactona (PCL) e poli (ácido láctico co-glicólico) (PLGA) carregadas com clofazimina. Avaliou-se a dinâmica molecular para analisar a interação do fármaco com as nanopartículas, tamanho de partícula, índice de polidispersão, potencial zeta, eficiência de encapsulação, carregamento de drogas e a caracterização físico-química dos sistemas com espectroscopia infravermelha por transformada de Fourier (FTIR) e difração de Raio X (XRD). Os resultados encontrados na dinâmica molecular demonstraram que o PCL apresenta sistemas mais estáveis quando comparado ao PLGA, entretanto ambos são capazes de formar nanopartículas. As nanopartículas de PCL (NP-PCL) apresentaram tamanho de partícula na faixa de 203,9±3,86 - 282,8 ±1,38nm, enquanto que as nanopartículas de PLGA 148,2 ± 0,7 -179,8 ± 1,6 nm, o índice de polidispersão esteve entre, respectivamente, 0,226±0,015 - 0,245±0,014 e 0,216 ± 0,006 - 0,172± 0,004. O potencial zeta das formulações com PLGA apresentaram se ligeiramente maiores ( -22,6, -19,9, -28) quando comparada as NP-PCL (-10,2, -13,9, - 20,7). A eficiência de encapsulação de NP-PLGA apresentou-se entre 84,33% - 87,86% e de NP -PCL 30,15% - 76,34%, e o carregamento da droga foi entre 4,55 % - 3,37% (NP PLGA) e 4,15%-5,65% (NP-PCL). As caracterizações físico-química demonstraram a incorporação de clofazimina nas nanopartículas de PLGA e PCL em todas as concentrações. Os resultados preliminares demonstram formação de nanopartículas poliméricas de PCL e PLGA carregadas com clofazimina e mostram-se promissores para obtenção de um medicamento em associação dose fixa em forma farmacêutica sólida para hanseníase.