RELAÇÃO ENTRE NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E INCAPACIDADE EM MULHERES COM ARTRITE REUMATOIDE: ESTUDO TRANSVERSAL
artrite reumatoide, atividade física, incapacidade
A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória sistêmica caracterizada pela inflamação da membrana sinovial, principalmente de articulações periféricas. A AR gera forte impacto nas atividades e participações dos indivíduos acometidos, e está associada à incapacidade. Além disso, caracteriza-se por déficits musculoesqueléticos, com declínio na função física e impactando na maior inatividade física. A prática de atividade física pode melhorar significativamente sintomas relacionados à AR, como fadiga, dor e atividade da doença. No entanto, estudos têm mostrado que a inatividade física é mais frequente em pacientes com AR do que na população geral. Assim sendo, o objetivo principal do presente estudo foi verificar a relação entre o nível de atividade física e o grau de incapacidade em indivíduos com AR. Trata-se de um estudo transversal, realizado entre março e outubro de 2023, desenvolvido no ambulatório de reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco com pacientes do sexo feminino, com diagnóstico de AR e voluntárias sem doenças reumatológicas autoimunes, pareadas por idade. Foram avaliados: nível de atividade física (International Physical Activity Questionnaire-IPAQ), incapacidade (Health Assessment Questionnaire-HAQ), fadiga (Fatigue Severity Scale-FSS), qualidade de vida (12-Item Short-Form Health Survey-SF-12), e cinesiofobia (Escala Tampa de Cinesiofobia). Em seguida, foram realizados dois testes físicos, a dinamometria manual e o teste de sentar e levantar em 30 segundos (TSL-30). Os resultados foram expressos como valores de mediana e intervalo interquartil ou como frequências. O teste de Mann-Whitney foi utilizado para comparar os grupos. As correlações de Spearman foram calculadas para investigar as associações entre as variáveis estudadas. Os dados foram analisados no software GraphPad Prism, com nível de significância estabelecido em p<0,05. Foram avaliados 108 participantes, sendo 74 no grupo AR e 34 no grupo controle. Os pacientes com AR tinham mediana de idade 65 (26-39) anos e tempo de doença 10 (6-15) anos. A maioria dos participantes nos dois grupos (AR: 81%; GC: 68%) foi classificada como irregularmente ativo segundo o IPAQ, sem diferenças entre os grupos (p=0,15). Os pacientes com AR tiveram piores resultados (<0,0001) em nível de atividade física, incapacidade, fadiga, força de preensão, força de membros inferiores, componente físico da qualidade de vida e cinesiofobia quando comparados ao grupo controle. Os pacientes com AR classificados como muito ativos/ativos apresentaram menor escore no HAQ (p=0,01) e melhor desempenho no TSL-30 (p=0,02). Não foram encontradas diferenças com relação aos demais desfechos. Assim, concluímos que os pacientes com AR apresentaram classificação de nível de atividade física irregularmente ativos ou sedentários e esse menor nível de atividade física esteve relacionado a maiores níveis de incapacidade e menor força muscular de membros inferiores. Além disso, os pacientes com AR tiveram piores resultados em nível de atividade física, incapacidade, fadiga, força de preensão, força de membros inferiores, componente físico da qualidade de vida e cinesiofobia quando comparados ao grupo controle, sugerindo que a AR influencia em todas essas dimensões da vida do paciente.