ENSAIOS SOBRE O IMPACTO DO PROGRAMA EMERGENCIAL DE
ACESSO AO CRÉDITO EM COMPANHIAS ABERTAS DE MÉDIO
PORTE DURANTE A COVID-19
ENSAIOS SOBRE O IMPACTO DO PROGRAMA EMERGENCIAL DE
ACESSO AO CRÉDITO EM COMPANHIAS ABERTAS DE MÉDIO
PORTE DURANTE A COVID-19
Durante a pandemia de COVID-19, empresas de capital aberto de médio porte
desempenharam papel crucial na preservação de empregos e na adoção de
práticas ESG (Environmental, Social, and Governance), enfrentando intensa
pressão pública e regulatória para demonstrar resiliência financeira e
responsabilidade social. Nesse contexto, o Programa Emergencial de Acesso
ao Crédito (PEAC), implementado pelo governo brasileiro em 2020, teve
como objetivo mitigar os impactos da crise, oferecendo crédito a empresas de
pequeno e médio porte com faturamento bruto anual de até R$ 300 milhões
em 2019. Dois estudos exploraram os efeitos do PEAC em empresas abertas
de médio porte, utilizando a metodologia Regression Discontinuity Design
(RDD) para identificar impactos locais dinâmicos. O primeiro trabalho
revelou que empresas elegíveis preservaram, em média, 46 a 60 postos de
trabalho a mais do que as não elegíveis nos seis meses seguintes à
implementação do programa, embora tenha identificado um aumento de 5% a
7% na proporção de empregados homens, evidenciando um viés de gênero. O
segundo estudo mostrou que as empresas elegíveis ao programa apresentaram
um aumento médio de 3,8% a 4,7% na receita líquida, incrementos de R$ 473
mil a R$ 495 mil no lucro antes de impostos (LAIR) e crescimento de 8% a
9% no retorno sobre ativos (ROA), além de melhorias na liquidez e
reestruturação do endividamento para prazos mais longos. Os testes de
robustez garantiram a ausência de manipulação de dados próximo ao ponto de
corte e o balanceamento entre empresas elegíveis e não elegíveis, assegurando
a validade dos resultados. As contribuições desses estudos destacam a eficácia
do PEAC em proteger empregos e fortalecer o desempenho financeiro das
empresas, ao mesmo tempo em que apontam efeitos colaterais, como
desigualdades de gênero, e reforçam a importância de políticas emergenciais
para promover resiliência econômica e sustentabilidade corporativa em
tempos de crise.