Reconstrução da captura do tubarão-azul (Prionace glauca) e fauna acompanhante no Oceano Atlântico Sul
Pesca industrial. Bycatch. Índices de abundância.
A pesca no Oceano Atlântico Sul começou com uma abordagem exploratória, marcada por incentivos fiscais e arrendamentos de frotas internacionais, sem uma visão conservacionista, o que causou lacunas nos registros de dados pesqueiros. Na década de 1990, espécies antes raramente capturadas passaram a ser exploradas como captura acessória, devido à mudança nos petrechos da pesca espinheleira, que substituíram o multifilamento pelo monofilamento. Essa alteração permitiu maior captura de peixes-espada em detrimento de atuns, atendendo à demanda do mercado e fornecendo subprodutos. O tubarão-azul passou a ser classificado como “captura incidental previsível” pela Instrução Normativa 10/2011 (MPA/MMA), sendo frequentemente capturado na pesca direcionada a atuns e peixes-espada. Alguns estoques da espécie já apresentavam declínio devido à sobrepesca. A avaliação do estoque do Atlântico Sul feita pela Comissão Internacional para a Conservação dos Atuns e de Espécies Afins do Atlântico (ICCAT) indicou que, embora improvável que estivesse sobrepescado ou sujeito à sobrepesca, a pesca insustentável ocorreu durante anos, sem dados pesqueiros confiáveis. Nos últimos 30 anos, o tubarão-azul foi capturado mais que as espécies-alvo em diversos períodos. Índices de abundância confiáveis são essenciais para ajustes nas avaliações dos estoques pesqueiros. A implementação de melhores índices em áreas de proteção ambiental é necessária para aprimorar futuros levantamentos e apoiar medidas de gestão. Este estudo contribui para a gestão da pesca nacional, tanto do tubarão-azul quanto de outras espécies capturadas incidentalmente no Atlântico Sul.