PODE ACARICIDAS MODULAR INTERACOES ENTRE ESPECIES DE ACAROS PREDADORES?
Phytoseiidae. Interação. Acaricida.
A predação intraguilda é um fenômeno natural em ecossistemas que pode impactar diretamente a eficácia do controle biológico de pragas. Este estudo teve como objetivo avaliar a ocorrência de predação intraguilda e investigar de que forma resíduos de abamectina e a presença de pólen modulam as interações entre os ácaros predadores Amblyseius largoensis (Muma) e Euseius alatus De Leon. Este é o primeiro registro experimental de predação intraguilda entre essas duas espécies. Para os bioensaios, unidades experimentais foram montadas com discos de folhas de feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) dispostos sobre algodão umedecido. Fêmeas adultas de ambas as espécies foram submetidas a 3 horas de jejum, e posteriormente, uma fêmea adulta de A. largoensis ou E. alatus, juntamente com 5 ovos e 5 larvas da espécie heteroespecífica, foram introduzidas nas arenas, com ou sem resíduos de abamectina e pólen. Após 24 horas, foi avaliado o número de presas consumidas (ovos e larvas) e a oviposição por fêmea. Para os testes de dinâmica populacional, dez fêmeas adultas de cada espécie foram liberadas nas arenas contendo pólen (reposto a cada dois dias), com a população monitorada até a extinção de uma das espécies. As avaliações foram realizadas a cada 48h no tratamento sem resíduos e a cada 24h com resíduos de abamectina. Os resultados indicaram que: (1) a predação intraguilda foi recíproca entre A. largoensis e E. alatus; (2) na ausência de resíduos, o consumo foi maior quando o pólen não estava disponível; (3) a oviposição aumentou na presença de pólen para ambas as espécies; (4) o consumo foi diferencialmente afetado pela presença de abamectina; (5) a oviposição foi reduzida sob exposição ao acaricida; e (6) nos experimentos de dinâmica populacional, A. largoensis demonstrou dominância, levando à extinção de E. alatus, embora os resíduos de abamectina tenham reduzido a longevidade de ambos os predadores. Os resultados evidenciam que tanto o pólen quanto os resíduos de abamectina são fatores moduladores importantes nas interações tritróficas entre ácaros predadores.