Utilização de metazoários intersticiais como ferramenta bioindicadora de diferentes impactos antropogênicos na Antártica Australiana
Ambientes polares. Ecossistema costeiros. Estação Casey. Meiofauna. Nematoides. Poluição marinha.
A crescente influência das ações antropogênicas no ambiente marinho global levanta preocupações sobre os ecossistemas únicos da Antártica. O isolamento e a adaptação a condições extremas podem tornar esses ecossistemas particularmente vulneráveis à poluição, apesar da limitada informação disponível sobre seus impactos. A partir disso, este estudo investigou a meiofauna e os nematoides na costa leste da Antártica, buscando relacionar a estrutura da comunidade com a poluição e outras variáveis ambientais. Para isso, dez locais foram amostrados, incluindo quatro áreas de referência (OB1, OB2, OB3 e McGrady) e seis locais com histórico de impacto humano (Wharf, Wilkes, BBIN, BBMID, BBOUT e Shannon). Os resultados revelaram uma diversidade, riqueza e equitabilidade significativamente maiores nas comunidades de meiofauna e nematoides dos locais de referência em comparação aos locais impactados, especialmente aqueles com altas concentrações de poluentes como metais, TPHs, PBDEs e PCBs. As comunidades nos locais de referência também indicaram maior maturidade ecológica, com dominância de organismos sensíveis e persistentes, enquanto os locais impactados apresentaram organismos colonizadores, característicos de ambientes sob estresse. Além da poluição por metais, os nutrientes e a granulometria se mostraram importantes fatores que influenciaram as comunidades da meiofauna e de nematoides. Os sedimentos mais finos, encontrados predominantemente em locais impactados, mostraram correlação com o acúmulo de compostos tóxicos. Em suma, este estudo destaca a vulnerabilidade dos ecossistemas antárticos à poluição e fornece evidências claras do impacto negativo da atividade humana na diversidade e estrutura da meiofauna.