LIGNINA ALCALINA DA MADEIRA DE Clarisia racemosa: AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA E ESQUISTOSSOMICIDA in vitro E SUA UTILIZAÇÃO COMO EXCIPIENTE NO DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÕES CONTENDO PRAZIQUANTEL
ligninas, biomaterial, Schistosoma mansoni
Ligninas são macromoléculas versáteis com inúmeras aplicações na indústria, incluindo na tecnologia farmacêutica. Espécies vegetais da região amazônica tem sido explorada como potencial antiparasitários e no isolamento de ligninas aplicadas na indústria farmacêutica e biomédica. Clarisia racemosa é endêmica na região amazônica e não tem sido explorada em estudos biológicos e farmacológicos, além disto estudos preliminares de segurança toxicológica são fundamentais para sua aplicação na indústria farmacêutica, incluindo de lignina como excipiente de medicamentos. Praziquantel (PZQ) é única droga recomendada pela Organização Mundial da Saúde para controle e tratamento da esquistossomose, infecção que afeta cerca 264 milhões de pessoas em todo o mundo. Apesar de seguro e eficaz, PZQ apresenta limitação físico-químicas, incluindo solubilidade aquosa e liberação. Assim, objetivamos isolar e caracterizar a lignina alcalina de Clarisia racemosa, sua avaliação toxicológica e esquistossomicida in vitro e utilização como excipiente na produção de comprimidos contendo PZQ. A lignina alcalina foi isolada e caracterizada da madeira de C. racemosa. Inicialmente, a extração da lignina foi realizada usando extração ácida seguida de deslignificação. A lignina obtida foi caracterizada e foi verificado que sua estrutura é do tipo GSH, composta predominantemente por unidades G (65,41%). Além disso, foi identificada estabilidade térmica e baixo peso molecular. Em seguida, foram realizado ensaios in vitro de atividades antioxidante, citotoxicidade, hemolítica, imunomoduladora e esquistossomicida. A lignina exibiu atividade antioxidante moderada em ensaios de DPPH, ABTS, NO e OH. Além disso, demonstrou baixa toxicidade em diferentes linhagens de mamíferos (viabilidade >95%) e ausência de hemólise. As propriedades imunomoduladoras promoveram a proliferação celular, modulando citocinas anti-inflamatórias (IL-4, IL-10) e ativação de células imunes, demonstrando um perfil Th2. A atividade esquistossomicida reduziu a motilidade de casais de vermes adultos de Schistosoma mansoni. Finalmente, como excipiente farmacêutico, a lignina mostrou-se um biomaterial promissor, capaz de promover a liberação controlada de PZQ em comprimidos e boas propriedades físico-químicas. Os resultados destacam a biossegurança toxicológica in vitro da liginina e contribuem para a indústria farmacêutica ao demonstrar seu potencial na produção de comprimidos sustentáveis para o tratamento da esquistossomose.