FUNGOS DA GRUTA DO ARNOLD/RN E SEU POTENCIAL ANTIMICROBIANO
Aspergillus; Biodiversidade; Biotecnologia; Caverna.
Cavernas são ambientes extremos devido ao seu microclima específico, tornando-as locais de grande endemismo e hotspots para fungos. Os microrganismos cavernícolas por viverem em condições específicas representam fontes promissoras para a produção de compostos bioativos, incluindo os antimicrobianos. O objetivo deste estudo foi determinar a diversidade de fungos provenientes do ar, sedimento e corpo dos morcegos da Gruta do Arnold (RN) e avaliar o seu potencial antimicrobiano. Para isso, os fungos foram reativados e identificados por análises morfológicas e moleculares. Trinta isolados foram avaliados quanto ao potencial antimicrobiano contra bactérias (Staphylococcus aureus ATCC 25923, Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853, Klebsiella pneumoniae ATCC 700603, Escherichia coli ATCC 35218, Enterococcus faecium CL030) e leveduras patogênicas (Candida albicans ATCC 90028, C. parapsilosis ATCC 22019 e C. auris CDC B11903), utilizando as técnicas de difusão em disco, concentração inibitória mínima, sinergismo e termoestabilidade. Os 61 isolados reativados foram classificados no filo Ascomycota, em 28 táxons e 14 gêneros, verificando Aspergillus como o mais frequente. Quanto à diversidade de isolados de fungos, o morcego apresentou o maior número (33), seguido pelo ar (22) e sedimento (8). Foram propostas duas novidades taxonômicas nos gêneros Microascus e Shanorella. No teste de difusão em disco apenas o extrato de Aspergillus bertholletius URM 9258 inibiu o crescimento de S. aureus ATCC 25923 e K. pneumoniae ATCC 700603, com halos de inibição de 14 mm e 16 mm para ambas as espécies após 24 e 48 h, respectivamente. Na análise da concentração inibitória mínima, nenhum dos extratos apresentou potencial antimicrobiano contra bactérias e leveduras patogênicas. Não houve sinergismo entre o extrato de A. bertholletius URM 9258 e os antibióticos Vancomicina e Meropenem contra E. faecium CL030 e K. pneumoniae ATCC 700603; entretanto, na concentração de 4.096 mg/mL o extrato inibiu o crescimento E. faecium CL030. O extrato de A. bertholletius URM 9258 foi termoestável durante 24 h nas temperaturas de 28 ± 2 °C e 37 °C, e por uma hora a 60 °C. Os dados deste estudo contribuem para o conhecimento da micobiota cavernícola, incluindo novidades taxonômicas, além de apresentar uma espécie promissora quanto ao potencial antimicrobiano.