Impactos do manejo intensivo do acai (Euterpe oleracea) na Amazonia: ampliando a compreensao da escala local a escala de paisagem
Degradação Florestal; Distúrbios Antropogênicos; Intensificação de Manejo; Estoques de Carbono; Perda de Biodiversidade; Sensoriamento Remoto.
As florestas tropicais úmidas, como a Amazônia, são fundamentais para a biodiversidade global e o equilíbrio climático, por armazenarem grandes quantidades de carbono e fornecerem serviços ecossistêmicos essenciais. No entanto, enfrentam ameaças crescentes causadas pelo desmatamento, degradação e mudanças climáticas. As florestas estuarinas da Amazônia brasileira são particularmente vulneráveis, pois carecem de proteção legal específica e sofrem intensos distúrbios humanos. A exploração de produtos florestais não madeireiros (PFNM), como o açaí (Euterpe oleracea), tem sido considerada uma alternativa sustentável, embora sua intensificação levante preocupações ecológicas. Este estudo investiga os impactos do manejo intensivo do açaí sobre a biomassa acima do solo (AGB) e a diversidade arbórea, em escalas local e de paisagem. Foram analisadas 78 parcelas florestais no estuário amazônico, no Pará, abrangendo um gradiente de intensidades de manejo. Os resultados indicam que o aumento da densidade de touceiras de açaí — de até >1.000 touceiras por hectare — leva à redução da diversidade de espécies e à diminuição da AGB, evidenciando perda de integridade florestal. No segundo capítulo, imagens de altíssima resolução e modelos Random Forest foram usados para mapear a dominância do açaí e estimar impactos em escala de paisagem. Conclui-se que o manejo intensivo compromete a estrutura florestal e que são urgentes estratégias de monitoramento e governança mais eficazes.