PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA E AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIMICROBIANAS DAS CASCAS DO CAULE DE Hancornia speciosa GOMES (APOCYNACEAE)
Etnobotânica; Infecções; Mangabeira; Planta medicinal; Resistencia microbiana.
Hancornia speciosa Gomes é uma planta nativa do Brasil com uso tradicional para tratar diversas condições, incluindo infecções. Este estudo teve como objetivos: 1) Caracterizar quimicamente os extratos etéreo (EEHS) e metanólico (MEHS) da casca do caule de H. speciosa; 2) Investigar as atividades antifúngica, antivirulência e modificadora do fluconazol; 3) Avaliar as atividades antibacteriana e modificadora de fármacos; e 4) Avaliar a toxicidade dos extratos em Drosophila melanogaster. As cascas foram coletadas na Chapada do Araripe, Ceará, e os extratos analisados por UPLC-MS-ESI-QTOF e GC-MS. EEHS e MEHS apresentaram concentrações significativas de fenóis (346,4 e 340,0 mg GAE/g) e flavonoides (7,6 e 6,9 mg QE/g). Compostos como ácido glucônico, cinchonina IIb e ácidos graxos foram identificados pela primeira vez na espécie. Ambos os extratos mostraram atividade antifúngica contra Candida spp., potencializando o efeito do fluconazol e inibindo a transição para formas invasivas. Embora os extratos não tenham exibido atividade antibacteriana intrínseca significativa (MIC > 512 µg/mL), os extratos modificaram a ação de gentamicina e eritromicina, aumentando sua eficácia contra cepas multirresistentes de Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli. Nos testes de toxicidade, os extratos não demonstraram efeitos tóxicos em concentrações clinicamente relevantes em D. melanogaster, sugerindo um perfil de segurança positivo. Este estudo valida parcialmente o uso etnofarmacológico de H. speciosa e destaca seu potencial como fonte de compostos bioativos para o desenvolvimento de novos agentes terapêuticos.