INVESTIGAÇÃO DO IMPACTO CLÍNICO E POTENCIAL TERAPÊUTICO DE GENES RELACIONADOS AO METABOLISMO DE ÁCIDOS GRAXOS NA LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA
expressão gênica; metabolismo lipídico; biomarcador prognóstico.
A Leucemia mieloide aguda (LMA) é uma neoplasia hematológica de caráter clonal,
caracterizada pelo bloqueio de diferenciação terminal de progenitores mieloides
resultando no acúmulo de células imaturas na medula óssea e insuficiência
hematopoiética. Com taxa de sobrevida inferior a 25% em cinco anos, o tratamento
tradicional baseado em quimioterapia intensiva e transplante de células-tronco
hematopoiéticas mostra-se insuficiente em muitos casos. A heterogeneidade
molecular da LMA, refletida nas vantagens metabólicas que as células leucêmicas
possuem, evidencia a necessidade de identificação de novos biomarcadores voltados
para o tratamento. Estudos mostram que alterações metabólicas, especialmente no
metabolismo de ácidos graxos, têm sido associadas à fisiopatologia da LMA. Entre
esses processos metabólicos a oxidação de ácidos graxos, responsável pela
produção de acetil-CoA e ATP, tem papel essencial na manutenção da quiescência e
resistência ao tratamento das células-tronco leucêmicas. Tais características tornam
o metabolismo de ácidos graxos um alvo terapêutico promissor. Diante do exposto, o
projeto propõe uma abordagem clínica-molecular para investigar a expressão gênica
de reguladores do metabolismo de ácidos graxos como preditores de desfechos
clínicos desfavoráveis em pacientes com LMA. Para isso, foram incluídos no estudo
pacientes de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e que foram
tratados intensivamente com intenção curativa. Todos os dados foram provenientes
de banco de dados públicos do TCGA, BEATAML e GSE6891. A análise da sobrevida
global, revelou que entre os 84 genes avaliados, 16 apresentaram associação com o
prognóstico dos pacientes (ACAD10, ACAD9, ACAT2, ACOT6, ACOT7, CPT1A,
CPT1B, FABP5, FASN, GK, HMGCS, MCEE, OXCT2, PRKAB1, PRKAG2 e
SLC27A2). Após aplicar a análise de regressão de Cox univariada e multivariada,
apenas ACOT7 foi identificado como fator prognóstico independente (Intervalo de
confiança 95% (IC)=2.98; Hazard ratio (HR)=1.98; P=<0.001).