Impacto de reguladores pos-transcricionais nas caracteristicas clinicas e moleculares de pacientes com Neoplasia Mielodisplasica.
Modificação pós-transcricional; metilação; neoplasias mieloides.
A Neoplasia Mielodisplásica (SMD) é um grupo heterogêneo de neoplasias clonais originadas de células-tronco hematopoiéticas, caracterizadas por hematopoiese ineficaz, citopenias periféricas e risco elevado de progressão para Leucemia Mieloide Aguda. A regulação epitranscricional por meio da metilação do RNA na posição N⁶ da adenosina (m⁶A) mediada pelas metiltransferases METTL3 e METTL14 é essencial para o controle da expressão gênica de alvos importantes para a hematopoiese, mas sua contribuição para a fisiopatologia da SMD ainda não está totalmente esclarecida. Portanto, este estudo teve como objetivo investigar a associação entre os níveis de expressão dos genes METTL3 e METTL14 e as características clínicas e moleculares de pacientes com SMD. Para isso, foi realizada uma análise de dados transcriptômicos (GSE58831 e GSE114922) de células CD34+ de pacientes com SMD, utilizando análises de sobrevida, expressão diferencial e enriquecimento gênico. Os resultados demonstraram que a alta expressão de METTL3 associou-se às características de pior prognóstico, como maior risco pelo IPSS-R e maior porcentagem de blastos, configurando-se como um fator de risco independente para menor sobrevida global. A análise funcional revelou uma dicotomia: a alta expressão de METTL3 e METTL14 associou-se às vias de manutenção de células-tronco, enquanto a baixa expressão esteve ligada a um perfil de alta atividade metabólica, com enriquecimento de vias de fosforilação oxidativa. Portanto, conclui-se que a alta expressão de METTL3 e METTL14 é um marcador prognóstico adverso na SMD. Demonstrando que a regulação epitranscricional por m⁶A, através da análise de expressão gênica dessas metiltransferases, promove programas transcricionais distintos que regulam o equilíbrio da manutenção das células tronco e da atividade metabólica dos componentes celulares de pacientes com SMD.