AVALIAÇÃO COMPARATIVA DA PROTEÍNA RECOMBINANTE WbT EM TESTE DE VIGILÂNCIA SOROLÓGICA DA FILARIOSE LINFÁTICA
A Filariose Linfática (FL) é uma doença parasitológica de regiões tropicais e subtropicais que afeta milhões de pessoas, sendo causada pelos nematódeos Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e B. timori. Devido aos esforços correntes de eliminação da doença com tratamentos de droga em massa e constante monitoramento de regiões epidêmicas, o padrão de carga parasitológica tem mudado, se tornado mais presente pacientes com baixa carga parasitária e amicrofilarêmicos. Surge então a necessidade de testes de diagnósticos mais eficazes para esse perfil, para uma vigilância mais eficaz e que assegure a erradicação da doença. Neste sentido, testes sorológicos baseados em proteínas recombinantes são então a melhor alternativa de diagnóstico, mas os testes disponíveis podem não ter o desempenho adequado. A proteína WbT é uma proteína recombinante variante das proteínas Wb14 e WbSXP-1, ambas relacionadas a fase L3 da larva de W. bancrofti, que foi previamente indicada como base para um teste sorológico do tipo ELISA para FL. A WbT é uma versão truncada da Wb14, sendo menos hidrofóbica e mais fácil de se produzir em sistema procarioto. Em testes pilotos esta proteína apresentou 90% de sensibilidade com indivíduos sabidamente positivos para FL. Visando melhor avaliar o seu uso no diagnóstico e na vigilância epidemiológica da FL, foram realizados neste estudo novos ensaios de padronização do ELISA com a WbT. Este ensaio foi então avaliado de forma comparativa com um painel de soros de área endêmica previamente testados com três sistemas comerciais disponíveis para o diagnóstico sorológico da FL (Og4C3, Wb123 e Bm14). De um total de 448 soros testados 41 apresentaram resultados positivos com ao menos um dos testes comerciais, sendo que 17 destes soros (41%), também foram positivos com o ELISA-WbT. Dos seis soros positivos em dois dos testes comerciais (Wb123 e Bm14), quatro (66%) também foram positivos com a WbT. Um total de 24 soros reagiram com a WbT mas não apresentaram resultados positivos com os demais testes. Os resultados reforçam a falta de concordância entre os testes comerciais disponíveis na atualidade para FL justificando a produção de novos ensaios baseados em proteínas recombinantes para o diagnóstico e vigilância da FL. O potencial da WbT necessita de testes com paineis de soros mais específicos, para entender o real papel dessa proteína na vigilância epidemiológica da FL, podendo ser utilizada como parte da construção de proteínas multiantígenos.