Coerência plano–território nas políticas de inundação do Recife: prioridades, execução e justiça climática em áreas suscetíveis
Recife. inundação urbana. Zonas Especiais de Interesse Social. governança. justiça climática.
Recife, cidade estuarina de baixa altitude, combina condicionantes físico-territoriais e desigualdades socioespaciais que ampliam a propensão a inundações. Este trabalho avalia a coerência entre prioridades declaradas em planos de enfrentamento às inundações e o que se materializa no território, com foco em trechos de baixa cota nas bacias do Tejipió, do baixo Capibaribe e do Beberibe. Adota-se abordagem mista, explicativo-avaliativa, articulando análise documental, análise espacial, séries de precipitação, maré e ocorrências, e verificação em campo. As unidades empíricas são trechos urbanos suscetíveis a inundação; o recorte espacial considera a interseção com perímetros de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). Como resultados preliminares, a interseção entre o mapa municipal de risco de inundação e a base oficial das ZEIS indica concentração expressiva de criticidade em assentamentos populares: 15 das 92 ZEIS (16%) têm 90% ou mais de sua área na classe de risco “muito alto”. A visita à Vila Arraes corroborou em campo os padrões cartográficos observados. O estudo entrega critérios replicáveis para priorização territorial, indicadores para aferir execução e prazos e um caminho de monitoramento público orientado pela justiça climática, contribuindo para reordenar prioridades e fortalecer a transparência na gestão do risco.