ANÁLISE ESPACIAL DA ESTRUTURA E FUNCIONALIDADE DA CAATINGA LENHOSA NO CONTEXTO DAS PERTURBAÇÕES ANTRÓPICAS
sensoriamento remoto, estados dinâmicos, tipologias da vegetação, semiárido brasileiro, fenologia da vegetação.
A presente tese analisa a dinâmica espacial e funcional da vegetação lenhosa da Caatinga em resposta às perturbações antrópicas crônicas, por meio da integração de séries temporais de sensoriamento remoto e métricas ambientais. Diante do avanço dessas perturbações no semiárido brasileiro, adotou-se uma abordagem geossistêmica e multiescalar que articula a estrutura da paisagem, os estágios sucessionais da vegetação e os padrões fenológicos extraídos de dados orbitais. O objetivo central é compreender como a dinâmica da vegetação lenhosa da Caatinga, considerando suas diferentes tipologias, respondem às variações ambientais e às perturbações antrópicas, com ênfase nos processos de fragmentação, sucessão ecológica e transição entre estados dinâmicos. A pesquisa foi conduzida no município de Pão de Açúcar (AL), área representativa das condições ecológicas e sociais do semiárido nordestino, marcada por elevada sazonalidade e intensas pressões humanas. A estrutura da tese contempla análises sobre a evolução do sensoriamento remoto aplicado à Caatinga, os padrões de fragmentação da paisagem, os estados dinâmicos da vegetação, a relação entre produtividade e precipitação, a eficiência do uso da água e a dinâmica fenológica das diferentes formações vegetacionais. Os resultados indicaram um avanço significativo da fragmentação entre 2016 e 2023, com redução da conectividade ecológica, aumento da densidade de bordas e maior vulnerabilidade de fragmentos pequenos e isolados à supressão. A análise dos estados dinâmicos revelou predomínio de formações em estágio de perturbação, especialmente nas tipologias arbustivas abertas, enquanto as formações arbóreas densas apresentaram maior estabilidade ecológica. A produtividade vegetal mostrou forte correlação com a precipitação, com respostas mais expressivas nas formações arbóreas. A eficiência do uso da chuva (RUE) foi superior em vegetações preservadas. A modelagem da Fenologia da Superfície Terrestre (LSP) indicou que formações arbóreas iniciam seus ciclos produtivos mais cedo e com maior duração, ao passo que tipologias arbustivas degradadas apresentaram sazonalidade mais curta e instável. A pesquisa evidencia a utilidade do sensoriamento remoto no monitoramento ecológico e na definição de áreas prioritárias para conservação e restauração em ecossistemas semiáridos.