ÁREAS VERDES URBANAS NA CIDADE DO RECIFE: UMA ABORDAGEM A PARTIR DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS E DESSERVIÇOS SÓCIO-ECONÔMICOS
Áreas verdes públicas. Espaços verdes urbanos. Vida nas cidades.
Tradicionalmente os espaços verdes públicos, nas cidades, se caracterizam pela conservação e plantação de espécies arbóreas de médio e grande portes, algumas frutíferas, além de ofertar espaços adequados ao espairecimento e ócio, onde o cidadão logra desfrutar de recantos sombreados, jardins, locais para prática ginástica, caminhadas, corrida, ou apenas apreciar recortes naturais ou naturalizados da paisagem urbana, onde ainda se pode observar algo da fauna e flora, pois esses espaços verdes, por mais exíguos, atraem a avifauna, pequenos mamíferos, incrementando assim a qualidade ambiental e a habitabilidade urbana. O crescimento da vegetação nativa espontânea em parques e jardins urbanos representa naturalmente o oposto de parques e jardins planejados, onde predomina a vegetação plantada e cultivada. Espaços verdes com vegetação nativa espontânea não são plantados pelo homem, tendo uma variedade na flora balanceada dentro de um ecossistema. É digno de nota que neste caso não se faz uma referência à competência dos órgãos públicos, aos quais cabem a manutenção das áreas verdes públicas, na implementação original dessas áreas. Por outro lado, o crescimento de vegetação nativa espontânea, foi considerado como uma indicação de abandono e descaso, por parte dos citadinos, pois neles faltavam os caminhos “construídos” pelo homem, chamados caminhos duros por De Val (2023). Ademais, essas áreas eram consideradas de baixo valor econômico, sobretudo em função do seu impacto sobre o valor comercial das áreas de vivendas em sua vizinhança. No sentido oposto desta perspectiva, pesquisas recentes sugerem que essas áreas podem agregar uma contribuição de valor ao ecossistema urbano, além da prestação de relevantes serviços ambientais. Um estudo realizado América Latina (De Val, 2023) avaliou os efeitos da vegetação nativa espontânea na preferência de paisagem. O autor teve por objetivo avaliar o impacto da ocorrência da vegetação nativa natural nas preferências de parques urbanos e; reconhecer padrões de preferências e características que as causam. Tendo como resultado que de início os cidadãos preferiram mais os espaços verdes formais que os espaços com vegetação nativa espontânea (VSE), no entanto, uma vez informados sobre benefícios que VSE traz não só para a cidade, mas também para a população e meio ambiente, a opinião dos entrevistados mudou após 30 dias, passando, os VSE à posição de preferidos. Porém, com o decorrer do tempo, as preferências voltaram para os espaços verdes formais, uso desses espaços permaneceu, e consequentemente a informação assimilada sobre os espaços verdes com VSE foi esquecida ou diminuiu com o passar do tempo. Estudo mostra a importância da educação ambiental continuada sobre processos tomada de decisões no planejamento dos espaços verdes urbanos. Segundo DeVal (2023), o uso da vegetação nativa espontânea, principalmente nativa, é comum em parques urbanos no Reino Unido, Alemanha, e outros, estendendo-se para alguns países da América Latina. Ao mesmo tempo que a percepção dos espaços verdes têm sido pouco estudada, há um recente e bem-vindo interesse em entender relação espaços verdes com foco em plantas selvagens e na sua aceitação social na ordem de promover melhor sustentabilidade no desenho, implantação e gerenciamento das áreas verdes públicas.