MAPEAMENTO PARTICIPATIVO DE ÁREAS DE RISCO A INUNDAÇÃO DESDE OS ATINGIDOS: COMUNIDADE DE COQUEIRAL NO RIO TEJIPIÓ (RMR/PE)
Desastres. Mapeamentos participativos. Gestão do risco. Engajamento social. Recife.
Na bacia do rio Tejipió, localizada na Região Metropolitana de Recife (PE), composta pelos rios Tejipió, Jiquiá e Jordão, a urbanização inadequada resultou em uma impermeabilização do solo que intensifica os impactos associados aos eventos extremos, como alagamentos e inundações, assim como a segregação socioespacial resultou em moradias e populações mais expostas e vulneráveis. O mapeamento de risco como ferramenta de gestão de risco têm se apoiado no geral em indicadores físicos e construtivos das áreas de estudo a partir de uma leitura técnica de especialistas, sem considerar de forma relevante a percepção e conhecimento da população exposta e muitas vezes já atingida pelos eventos extremos. O objetivo desta pesquisa, portanto, é avaliar o risco de inundação a partir da perspectiva da população afetada na bacia hidrográfica do rio Tejipió, situada na Região Metropolitana do Recife (PE).Para alcançar este objetivo, adotou-se, para coleta de dados, uma metodologia quanti-qualitativa, exploratória e participativa em 3 etapas. Primeiro, a delimitação da área de estudo, a comunidade de Coqueiral, seguida pela setorização e classificação de risco a partir das metodologias existentes e consolidadas no campo. Segundo, a identificação dos atoreschave, por segmentos, sendo representantes do poder público, de lideranças locais, de organizações não governamentais, de equipamentos sociais, de grupos voluntários e dos moradores. Terceiro, contatar e sensibilizar esses segmentos para organizar reuniões com grupos focais e aplicar questionários semiabertos na área de estudo delimitada. Destaca-se nos resultados do mapeamento participativo realizado com o grupo focal que foram identificados vários problemas na comunidade, com especial ênfase na ausência de infraestrutura adequada. Além disso, as habitações, que não atendem ao direito à moradia, estão localizadas nas margens do rio, aumentando a vulnerabilidade desta comunidade. Durante a aplicação do questionário "in loco", observou-se que a população classificou o risco como alto ou muito alto na sua maioria. Enquanto no primeiro mapa os pontos negativos foram evidenciados, no mapa participativo, constataram-se os problemas relacionados à ausência de políticas públicas para melhorar a qualidade de vida dessa população vulnerável. Diante disso, foi possível constatar que a participação ativa é fundamental para fortalecer o protagonismo e o desenvolvimento com vistas à redução dos riscos. O mapeamento participativo e o engajamento social são ferramentas essenciais para o sistema de atuação e para dar visibilidade às populações de áreas vulneráveis, aumentando o potencial do capital social na redução do risco e dos desastres.