GESTÃO EM FABRICOS DE CONFECÇÃO NO AGRESTE PERNAMBUCANO E A AÇÃO DE AGENTES MODERNIZADORES: UMA ANÁLISE DECOLONIAL
Gestão. Fabricos. Colonialidade. Abordagem Decolonial. Modernidade. Polo de Confecções.
Essa dissertação se insere nos Estudos Organizacionais (EOR), em uma perspectiva crítica que defende a opção decolonial no campo da gestão/administração, expandido as alternativas epistemológicas deste campo, além de desafiar o pensamento euro-estadunidense. Tivemos como objetivo analisar a gestão em fabricos de confecções e a ação de agentes modernizadores na cidade de Caruaru-PE, a partir da abordagem decolonial. Problematizamos aqui a ideia de modernização como algo constituinte da colonialidade, que mesmo após a independência política das antigas colônias, persiste até hoje nas estruturas de poder e controle estabelecidos. Para isso, os conceitos mobilizados no decorrer do texto são: colonialidade do poder, do saber, do ser, e as contribuições das Epistemologias do Sul. Resgatamos, a partir de uma construção histórica, o lócus dessa pesquisa, o Polo de Confecções e a cidade de Caruaru. Essa construção foi discutida em três momentos históricos, sendo o primeiro a origem do Polo entre 1940/50 pelo protagonismo local, o segundo momento com o aumento da produção entre 1970/80, e o terceiro momento de modernização que começou em 1990 e está em curso, com a presença de agentes coletivos internos e externos, assim como a maior atuação do estado, com incentivos de formalização e profissionalização da região. O polo de confecções é formado por 10 municípios, sendo que as três principais cidades desse aglomerado produtivo são Santa Cruz do Capibaribe, Caruaru e Toritama. Nesse estudo, escolhemos a cidade de Caruaru, que tem uma grande concentração de facções e fabricos.Essa pesquisa foi de natureza qualitativa, dividida em três momentos: na primeira parte, realizamos uma pesquisa documental com os principais agentes coletivos da região, nomeadamente: SEBRAE, SENAI, ADEPE e ACIC. No segundo momento fizemos entrevistas semiestruturadas junto a pessoas ligadas ao programa Agente Local de Inovação (ALI) – SEBRAE. No terceiro momento, realizamos entrevistas em profundidade com proprietários/as de fabricos na cidade de Caruaru-PE. Como análise do material empírico, usamos a análise narrativa, a partir da tríade hermenêutica: explicação, exploração e explanação. A partir da análise, foi possível perceber a permanência da colonialidade do saber, na medida em que agentes modernizadores buscam inserir no Polo de Confecções um modelo único de gestão, cujos princípios são predominantemente neoliberais, desconsiderando saberes e práticas locais dos/as proprietários/as dos fabricos acessados.