ACESSO CONFLITUAL DE AGUA NO CONTEXTO DO EIXO LESTE DO PISF: A LUTA DAS MULHERES INDIGENAS
Água; Transposição; Mulheres; Povos Indígenas.
A água representa um elemento essencial para a vida de seres humanos, animais e ecossistemas,
trazendo à tona o fato de que seu uso deve ser regulado de forma que cada um desses sistemas
tenha acesso a quantidade ideal para a sua manutenção. Ao tratar a questão do uso da água é
importante também levar em consideração a sua distribuição em cada região específica do país,
reconhecendo que há diferenças marcantes na quantidade e distribuição que cada região
disponibiliza para esse uso, como no caso do Nordeste, região com características de um clima
semiárido que possui um baixo índice pluviométrico e um histórico de privação de fontes de água
e concessão desse bem apenas atrelado às estratégias de autopromoção política e social. Além
desses pontos, faz-se necessário trazer para junto do debate de acesso à água o questionamento de
como esse acesso se configura, quais atores estão envolvidos nesse processo e como cada uma
deles é afetado em relação ao seu papel de gênero, etnia, raça e classe social diante da sociedade.
Analisando de forma cronológica algumas das maneiras que a resolução, ou minimização do
problema da falta de água, a obra de maior destaque foi a Transposição do Rio São Francisco, que
teve seu início por volta do ano de 2007 com a promessa de levar água a quem tem sede, mas que
no decorrer de sua construção, além de não cumprir seu principal objetivo, ainda devastou a vida
de muitas famílias que viviam às margens de onde os canais foram construídos. Diante do exposto,
este estudo tem o objetivo de analisar como as mulheres da comunidade indígena Pipipã localizada
em Floresta-PE têm protagonizado lutas pelo acesso à água no contexto do Eixo Leste do PISF. O
estudo possui uma abordagem qualitativa e para a obtenção das respostas sobre o fenômeno
observado empregará na coleta de dados a entrevista do tipo narrativa com as mulheres
pertencentes a etnia Pipipã, além da observação não participante junto a anotações de
apontamentos percebidos em campo e análise documental através do acesso a atas de reunião ou
arquivos produzidos pelos representantes da comunidade. Para a análise dos dados será utilizada
a análise temática baseada no modelo desenvolvido por Bardin e que melhor se adequa ao objetivo
aqui apresentado. Com a realização desta pesquisa espera-se o reconhecimento dos desafios de
acesso à água que ainda persistem mesmo após a implementação do PISF e como esses desafios
estão sendo enfrentados pelas mulheres da comunidade indígenas Pipipã, podendo assim contribuir
com perspectivas inclusivas para a inserção das demandas de povos indígenas nas discussões de
acesso e distribuição da água.