O envelhecimento biológico precoce em pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHIV) tem sido amplamente discutido na literatura, sobretudo devido à inflamação crônica, alterações imunológicas e efeitos cumulativos da terapia antirretroviral (TARV). Este estudo teve como objetivo analisar os fatores relacionados à diferença entre idade cronológica e idade biológica em PVHIV atendidas em um hospital público do Recife/PE. Trata-se de um estudo transversal e analítico, realizado entre março e maio de 2025, com 73 participantes adultos e idosos em acompanhamento no ambulatório de Infectologia do HUOC-UPE.

Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos, comportamentais e laboratoriais, utilizados para o cálculo da idade biológica por meio da AgelessRx Biological Age Calculator, baseada em nove marcadoresfisiológicos. A idade biológica foi comparada à idade cronológica, sendo considerado envelhecimento precoce quando o valor estimado foi superior ao cronológico. Entre os participantes, 71,2% eram do sexo masculino, 57,5% pardos, e 69,9% possuíam mais de oito anos de escolaridade. Quanto aos hábitos de vida, 52,1% não praticavam atividade física, 57,5% consumiam bebida alcoólica e 24,7% eram tabagistas.

Os resultados apontaram que 34,2% da amostra apresentaram envelhecimento biológico precoce, sendo essa condição significativamente associada ao sexo feminino (p = 0,009). Não foram observadas associações significativas entre envelhecimento biológico e renda, presença de comorbidades ou tipo de TARV utilizada. A média da idade cronológica foi de 42,4 anos, enquanto a média da idade biológica estimada foi de 40,3 anos, sugerindo grande heterogeneidade individual. Observou-se ainda preservação dos níveis médios de CD4 e ampla variação nos marcadores laboratoriais envolvidos no cálculo da idade biológica.

Os achados reforçam que o envelhecimento em PVHIV ocorre de maneira complexa e multifatorial, podendo ser influenciado por aspectos biológicos, imunológicos e comportamentais. As diferenças entre idade cronológica e biológica destacam a necessidade de monitoramento individualizado e estratégias de cuidado integradas, voltadas à prevenção e ao manejo de comorbidades relacionadas ao envelhecimento.