EMPREGO DA METABONÔMICA BASEADA EM RMN PARA O MONITORAMENTO DA ADESÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES À TERAPIA PARA CONTROLE DA RINITE ALÉRGICA
Perfis metabólicos. Modelos preditivos. Manejo da doença. Asma. Autorrelato. Rinite.
A rinite alérgica é uma condição crônica prevalente em crianças e adolescentes, caracterizada por inflamação na mucosa nasal em resposta a alérgenos. A adesão ao tratamento é fundamental para o controle dos sintomas e melhoria na qualidade de vida dos pacientes. O presente estudo teve como objetivo desenvolver um modelo metabonômico baseado em espectroscopia de RMN de 1H para avaliar a adesão ao tratamento de crianças e adolescentes com rinite alérgica. Para o estudo foram recrutados de 39 pacientes com rinite alérgica, divididos em dois grupos com base na adesão ao tratamento (boa e má adesão), considerando o relato do paciente ou responsável. Amostras de soro foram coletadas dos participantes e analisadas utilizando a técnica de espectroscopia de Magnética Nuclear de 1H para obter perfis metabonômicos. Além disso, foram coletados dados das características demográficas, clínicas e laboratoriais dos participantes. Para o cálculo dos modelos, inicialmente utilizou-se a Análise de Componentes Principais (PCA) e Análise Hierárquica de Cluster (HCA). Na análise classificatória, utilizou-se a Análise Discriminante Ortogonal de Mínimos Quadrados (OPLS-DA). Os metabólitos mais relevantes para a construção do modelo OPLS-DA foram identificados por meio da importância da variável na projeção (VIP). Em relação aos participantes do estudo, a idade média foi nove anos, com predominância do sexo masculino. A maioria dos participantes recebeu o diagnóstico de rinite alérgica na forma moderada/grave e também apresentou asma concomitante. Dos participantes, mais da metade (n=24) relataram adesão ao tratamento. O modelo usando PCA dos dados metabonômicos não apresentou distinção de grupos. No entanto, a HCA identificou dois grupos distintos, que não se alinhavam com a adesão ou não ao tratamento. Após a análise dos prontuários médicos, verificou-se que a avaliação da hipertrofia do corneto por meio da rinoscopia estava relacionada à tendência de resposta observada nos grupos identificados pela HCA. Assim, os grupos foram nomeados como Grupo RC, composto por 20 amostras de pacientes que apresentaram resposta clínica ao tratamento farmacológico, evidenciada pela involução ou progressão da hipertrofia do corneto, e Grupo RI, composto por 19 amostras de pacientes indiferentes ao tratamento, sem melhora ou piora clínica da hipertrofia do corneto. No modelo OPLS-DA construído, foram identificados quinze metabólitos relevantes que contribuíram para a separação dos grupos. No grupo de resposta clínica (RC), os metabólitos identificados foram lactato, prolina, cetoleucina, ácido 2-oxoisocaproico e ácido aspártico. Já no grupo de resposta indeterminada (RI), foram identificados colina, leucina, ácido 2-hidroxi-3- metilbutírico, VLDL/LDL, glicose, metilhistidina, alfa-glucose, ácido guanidoacético, metanol e glicerol. Esses resultados sugerem alterações metabólicas mais significativas no grupo RI, abrangendo o metabolismo energético, aminoácidos e lipídeos. Vale ressaltar que não foi observada diferença metabonômica entre os pacientes com boa e má adesão ao tratamento, com base na adesão autorreferida, destacando a importância de abordagens combinadas para avaliar a adesão ao tratamento em pacientes com rinite alérgica.