Análise espacial e temporal da mortalidade de ciclistas em acidentes de transporte terrestre em Pernambuco, 2014 a 2023
Ciclista. Mortalidade. Acidentes de trânsito. Análise Espacial. Modelos de predição. Estudos Ecológicos.
As lesões no trânsito resultam em cerca de 1,3 milhão de mortes no mundo, das quais 6% envolvem ciclistas. O incentivo ao transporte ativo tem aumentado o uso da bicicleta, mas o compartilhamento das vias com veículos motorizados amplia o risco de acidentes e óbitos, configurando um problema de saúde pública. O objetivo deste
estudo consistiu em analisar a distribuição espacial e a temporal da mortalidade de ciclistas em acidentes de transporte terrestre em Pernambuco de 2014 a 2023. Trata- se de um estudo ecológico que teve como unidade de análise espacial os municípios de Pernambuco, e temporal os trimestres dos anos de 2014 a 2023. A fonte de dados foi constituída pelos Sistema de Informações sobre Mortalidade e as estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Calculou-se as taxas de mortalidade e aplicou-se a estatística de varredura espacial para identificar clusters e os riscos relativos. Na análise temporal, a série foi conduzida pelo Modelo Autorregressivo Integrado de Médias Móveis Sazonal, selecionado com base nas funções de autocorrelação e nos critérios de informação de Akaike. A acurácia foi avaliada com conjuntos de treino e teste e pela verificação da normalidade dos resíduos, assegurando sua capacidade preditiva. Foram registrados 616 óbitos de ciclistas, com a taxa de mortalidade 6,5 óbitos por 100 mil habitantes, em Pernambuco, no período estudado. As taxas de mortalidade dos municípios variaram de 0,1 a 3,7 por 100 mil habitantes. Na análise espacial identificaram-se dois clusters com risco elevado na mesorregião do Sertão (RR=2,4; p<0,01). O primeiro, formado por um município do Sertão do São Francisco, concentrou 3,8% da população e 8,5% dos óbitos; o segundo, por oito municípios do Sertão Pernambucano e reuniu 3,3% da população e 7,5% dos óbitos. Na análise temporal, as taxas trimestrais da mortalidade de ciclistas variaram entre 0,10 e 0,26 por 100 mil habitantes. A série histórica apresentou sazonalidade (p=0,012) e tendência de aumento no quarto trimestre do ano. O modelo SARIMA (1,1,1)(1,1,1) apresentou melhor capacidade preditiva e as projeções indicaram tendência de aumento para 2024 e 2025. A análise por varredura espacial mostrou-se eficaz na identificação de clusters de risco em municípios distantes da capital, enquanto a modelagem temporal permitiu prever tendências futuras. Em conjunto, as abordagens forneceram evidências relevantes que podemorientar ações de vigilância, planejamento e segurança viária, com potencial para reduzir a mortalidade de ciclistas no trânsito.