ANÁLISE DOS PADRÕES ESPACIAIS E TEMPORAIS DA MORTALIDADE INFANTIL E SEUS COMPONENTES ANTES E DURANTE A PANDEMIA PELA COVID-19 EM PERNAMBUCO
Mortalidade Infantil; Saúde Materno-Infantil; Análise Espacial; Série Temporal; Estudos ecológicos; COVID-19.
Este estudo objetivou analisar os padrões espaciais e temporais da mortalidade infantil e seus componentes antes (2017-2019) e durante (2020-2022) a pandemia pela COVID-19 em Pernambuco. Trata-se de um estudo ecológico misto, que teve como unidades de análise os municípios de residência para a análise espacial e o mês de ocorrência do óbito para a análise temporal. Para os cálculos das taxas de mortalidade e seus componentes foram utilizadas como fonte de dados o Sistema de Informações sobre Mortalidade e o Sistema de Informações sobre os Nascidos Vivos, enquanto as bases cartográficas foram obtidas no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Para o perfil epidemiológico e a análise espacial, considerou-se os triênios, sendo 2017-2019 (pré-pandêmico) e 2020-2022 (pandêmico). Para as características epidemiológicas utilizou-se a distribuição de frequências; para a análise espacial foram adotadas a estatística de varredura espacial e de autocorrelação espacial global e local, por meio do índice de Moran. Na análise temporal utilizou-se a análise de regressão clássica (ajustadas) e o teste do coeficiente angular. Ocorreram 9.609 óbitos infantis, sendo 4.993 (52%) no período pré-pandêmico. Do total, 5.231 (55,1%) eram do sexo masculino, 6.914 (77,2%) negros, 5.766 (66,2%) apresentaram baixo peso ao nascer. Sobre as mães, 7.052 (79,5%) tinham 20 anos ou mais e 5.786 (67,4%) possuíam oito ou mais anos de estudo. A estatística de Scan revelou, no período pré-pandêmico, a presença de dois clusters formados por municípios localizados nas macrorregiões Vale do São Francisco e Araripe, Agreste e Sertão. No pandêmico foi identificado um cluster formado por municípios localizados na macrorregião do Vale do São Francisco e Araripe. Para a mortalidade infantil e seus componentes o Índice de Moran Global confirmou a autocorrelação espacial dos eventos nos dois períodos analisados. Na análise temporal, a maior taxa de mortalidade infantil foi 17,0 óbitos por mil NV, a neonatal 11,2 óbitos por mil NV e pós-neonatal 6,1 óbitos por mil NV. A tendência crescente observada na regressão linear não obteve significância estatística no teste do coeficiente angular. Houve uma distribuição heterogênea das taxas de mortalidade infantil e seus componentes em Pernambuco, com padrão espacial e temporal semelhante entre o período pré-pandêmico e pandêmico, sinalizando como áreas prioritárias as macrorregiões mais distantes da capital. Destaca-se a necessidade de fortalecimento da assistência ao público materno e infantil e a melhor disposição dos serviços de referência no estado.