Dextrocetamina previne as alterações comportamentais e modula a expressão
de citocinas em camundongos expostos à ativação imune materna
Cetamina. Distúrbios do Neurodesenvolvimento. Citocinas.
Doenças do neurodesenvolvimento como o autismo e esquizofrenia acometem cerca
de 1% da população mundial. Eventos que ocorrem durante o desenvolvimento,
como a ativação imune materna, têm sido relacionados com a apresentação destas
doenças. Estudos em roedores corroboram que a prole exposta à ativação imune
materna apresenta alterações comportamentais que são observadas na vida adulta.
Dentro do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar, em camundongos
machos, os efeitos da administração de dextrocetamina nas alterações
comportamentais e moleculares induzidas pela ativação imune materna. Fêmeas
gestantes receberam administração de LPS (100 μg/kg) ou salina (1 ml/kg) no 15o e
16o dia gestacional. A prole destas fêmeas foi alocada nos grupos controle, grupo
dextrocetamina (DEX), grupo ativação imune materna (MIA) ou MIA+DEX de acordo
com a administração de dextrocetamina (20 mg/kg) ou salina (1 ml/kg) no período do
36o ao 50o dia pós-natal. No 60o dia pós-natal os animais foram testados no labirinto
em Y, para a análise de memória espacial de trabalho, e no 62o dia pós-natal foram
testados no campo aberto, para análise do comportamento relacionado à ansiedade
e interação social. No 63o dia pós-natal foram coletadas amostras do córtex pré-
frontal, hipocampo e cerebelo para análise da expressão gênica das citocinas IL-1β,
IL-6, TNF-α e TGF-β1. Nos testes comportamentais, os resultados demonstraram
que dextrocetamina preveniu o aumento da ansiedade experimental e a redução da
interação social induzidas pela ativação imune materna. A análise da expressão
gênica no cerebelo demonstrou que a dextrocetamina preveniu o aumento na
expressão de TNF-α induzido pela ativação imune materna. No hipocampo, a
dextrocetamina induziu aumento da expressão de TGF- β1 e no córtex pré-frontal
preveniu o aumento da expressão de IL-1β, IL-6, e TGF-β1. Assim, concluímos que
a administração de dextrocetamina previne o aumento da ansiedade experimental e
a redução da interação social induzidos pela ativação imune materna, associado à
regulação da expressão de citocinas no cerebelo, hipocampo e córtex pré-frontal.