EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA FRONTOPOLAR SOBRE O CRAVING IMPLÍCITO EM TABAGISTAS
craving; córtex pré-frontal; córtex frontopolar; tempo de resposta; tabagismo; estimulação magnética transcraniana.
Ainda que corresponda a um estado motivacional de busca por substâncias
psicoativas (SPA) bastante influenciado por mecanismos inconscientes, o craving (ou
fissura) tem sido basicamente avaliado por medidas explícitas produzidas
conscientemente. O tempo de resposta para o autorrelato da intensidade do craving
(TR-AIC) foi proposto como uma medida implícita válida para apreciar tal constructo
em tabagistas e pode contribuir para a elucidação mais ampla de sua dimensão
automatizada. Como um centro primordial para a atribuição de saliência a estímulos
relacionados ao consumo de SPA, é possível que o córtex frontopolar influencie
estrategicamente os circuitos automáticos de reatividade a pistas no craving. Este
ensaio clínico randomizado controlado visa avaliar os efeitos de uma sessão de 1200
pulsos de Estimulação Magnética Transcranina repetitiva (EMTr) frontopolar esquerda
a 1 Hz sobre o TR-AIC em tabagistas diante de um paradigma de reatividade a pistas.
Com base em dados inéditos de estudo prévio, foram comparadas as mudanças do
TR-AIC antes e após a EMTr para pistas neutras e relacionadas ao tabagismo em dois
grupos com alvos distintos: córtex frontopolar esquerdo (n=12) e córtex motor primário
(CMP) (n=11). O TR-AIC reduziu em ambos os grupos após as intervenções, tanto
para pistas relacionadas ao cigarro (frontopolar: p= 0,041*; CMP: p < 0,001) como
para as neutras (frontopolar e CMP: p<0,001), em voluntários gravemente
dependentes de nicotina. Tais reduções foram maiores no grupo CMP em
comparação ao frontopolar para as pistas relacionadas ao cigarro (p = 0,001), sem
que houvesse diferenças significativas intergrupos para as pistas neutras (p = 0,174).
Não foi constatado, em nosso estudo, qualquer padrão de proporcionalidade na
variabilidade entre o TR-AIC e a intensidade autorrelatada do craving, antes ou após
as intervenções em cada grupo, dificultando a interpretação do TR-AIC como uma
medida implícita de craving. Limitações do tamanho da amostra e possíveis efeitos de
aprendizado motor podem ter interferido em nossos resultados. Novos ensaios
clínicos com maior tamanho amostral e controle de possíveis efeitos de aprendizado
são necessários para avaliar o envolvimento do córtex frontopolar nos processos
automatizados do craving.