SAÚDE MENTAL E ADOLESCÊNCIA: relação entre os sintomas depressivos e o nível de atividade física
Atividade Motora; Autoestima; Comportamento Sedentário; COVID-19; Depressão; Pandemias.
A pandemia de Covid-19 trouxe diversos prejuízos à população global, parte deles
ainda estão sendo investigados. Diversos fatores contribuíram para um potencial
risco de desenvolvimento de sintomas depressivos e baixa autoestima, ao passo
que impossibilitaram a prática de atividades físicas em geral. Os adolescentes
parecem ter sido afetados diretamente por este cenário. Assim, a presente pesquisa
buscou mensurar a prevalência de sintomas depressivos, o nível de autoestima e
atividade física, e avaliar possíveis associações entre estas variáveis durante o
período da pandemia. Trata-se de um estudo transversal realizado com 1071
adolescentes brasileiros (16.30 ±1.1 anos, 56.6% females), que avaliou sintomas
depressivos, autoestima e atividade física através do Hamilton Depression Rating
Scale, Rosenberg Self-Esteem Scale e Physical Activity Questionnaire for
Adolescents, respectivamente. Dos adolescentes avaliados, 53.4% apresentaram
sintomas depressivos, 76.4% autoestima não satisfatória e 90.4% nível insuficiente
de atividade física, sendo a maior parte sedentários (61.2%). Sintomas depressivos
elevados correlacionaram-se com uma menor autoestima (Rô de Spearman = -
0,585; p<0,001) e atividade física (Rô de Spearman = -0,076; p=0,037). A
autoestima e atividade física correlacionam-se de forma positiva (Rô de Spearman =
0,138; p<0,001). Além disso, observou-se maiores escores de sintomas depressivos
em indivíduos com autoestima não satisfatória (p<0,001; Mann-Whitney U test). Os
escores de atividade física foram menores em indivíduos com sintomas depressivos
(p=0,043; Mann-Whitney U test). Diante disso, conclui-se que durante a pandemia os
adolescentes apresentaram sintomas depressivos, autoestima não satisfatória e um
nível de atividade física insuficiente. Além disso, os indivíduos com sintomatologia
depressiva apresentaram baixa autoestima e menor nível de atividade física, quando
comparados aos indivíduos sem os sintomas.