SINTOMAS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM SOBREVIVENTES DA COVID-19
Ansiedade; Depressão; Atividade física; Sobreviventes; Condição pós-COVID.
A doença do coronavírus 2019 (COVID-19) é motivo de grande preocupação mundial,
mesmo com as formas de contaminação, prevenção e transmissão já bem estabelecidas na literatura
científica, devido às incertezas sobre suas consequências. Indivíduos que foram infectados pelo SARS-
CoV-2 (vírus da COVID-19), principalmente os que necessitaram de hospitalização, têm relatado a
persistência ou surgimento de sintomas meses após o quadro superado, podendo se tratar de sequelas
que envolvem comprometimento mental e físico, como ansiedade, depressão e baixos níveis de
atividade física. Objetivo: Determinar o impacto a longo prazo da COVID-19 na saúde mental, através
da identificação de sintomas ansiosos e depressivos, e do nível de atividade física de sobreviventes
após sete meses alta hospitalar. Método: O estudo do tipo observacional analítico transversal,
realizado entre outubro de 2021 à setembro de 2022, com 330 sobreviventes da COVID-19 que tiveram
alta do Hospital de Campanha Aurora (Recife, Pernambuco). Todos os voluntários foram entrevistados
via contato telefônico através de questionários validados para avaliação de sintomas ansiosos e
depressivos (Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão – EHAD) e do nível de atividade física
(Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ versão curta), além disso, informações
sociodemográficas, história clínica e de internamento também foram coletadas. Indivíduos com
incapacidade de compreensão, interpretação e poder de resposta, com diagnóstico prévio ao
internamento de doença neurológica ou transtorno mental e incapacitados de realizar exercício físico
devido alguma deficiência física foram excluídos. Foram realizadas análises estatísticas descritivas,
com variáveis expressas em números e proporções. Para avaliação da normalidade dos dados foi
aplicado o teste de Shapiro-Wilk e para avaliação da homogeneidade de variâncias o teste de Levene,
seguido do teste t para grupos independentes. O teste Qui-quadrado de Pearson foi aplicado para
identificar associações entre variáveis qualitativas. O nível de significância adotado foi de 5%.
Resultados: Foi observado a presença de ansiedade e depressão em 23,6% e 18,2%,
respectivamente, e baixos níveis de atividade física em 55,8% dos sobreviventes da COVID-19.
Quando comparado ansiedade e depressão com o nível de atividade física, foi observado uma maior
frequência (52,2%) do baixo nível de atividade física naqueles identificados com a presença de
depressão (p = 0,023). Além disso, o sexo biológico feminino apresentou valores maiores na subescala
para ansiedade (p = 0,003) e para depressão (p = 0,045) e uma maior frequência (70,8%) para o baixo
nível de atividade física (p < 0,001) quando comparado ao sexo biológico masculino. Aqueles admitidos
em UTI apresentaram valores maiores na subescala para ansiedade (p = 0,006) quando comparados
aos internados em enfermaria. Por fim, indivíduos que realizaram oxigenoterapia comparados aos que
não realizaram apresentaram valores maiores na subescala para depressão (p = 0,009) e os que foram
intubados apresentaram valores maiores tanto na subescala para ansiedade (p = 0,001) quanto na
subescala para depressão (p < 0,001). Conclusão: Alterações na saúde mental e física são observadas
em sobreviventes da COVID-19 após sete meses de alta hospitalar. Uma proporção considerável
apresentaram sintomas de ansiedade e depressão, enquanto mais da metade dos entrevistados tinham
baixos níveis de atividade. Mais estudos são necessários para fortalecimento do impacto da COVID-19
a longo prazo.