EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO POR BATIMENTOS BINAURAIS E DE EXERCÍCIOS AUTOSSELECIONADOS NAS RESPOSTAS INTEROCEPTIVAS E PERCEPTUAIS DE INDIVÍDUOS COM SINTOMAS DE DEPRESSÃO
Interocepção, batimentos binaurais, sintomas depressivos, exercício autosselecionado, treinamento de força.
A presente tese contém três estudos originais que buscaram investigar de forma conjunta as
influências da estimulação por batimentos binaurais (BB) e do exercício de força com
intensidade autosselecionada nas respostas interoceptivas de adultos com sintomas de
depressão. Inicialmente foi conduzido um estudo de confiabilidade do teste de contagem dos
batimentos cardíacos (TCBC), que mede a interocepção. Trinta e um voluntários participaram
da pesquisa que teve duas visitas ao laboratório, com intervalo de 24 horas entre elas. Foi
encontrado que o TCBC apresentou bons índices de confiabilidade relativa e absoluta para as
medidas de acurácia interoceptiva (AcI), através das métricas de coeficiente de correlação
intraclasse (CCI = 0,880; p < 0,001), erro padrão da medida (EPM = 0,263) e diferença mínima
detectável (DM = 0,728). O segundo estudo foi um desenho experimental, com característica
aguda, e testou se a estimulação por BB nas frequências beta (20 Hz) e gama (40 Hz)
influenciaram de forma imediata na interocepção dos participantes com sintomas de depressão.
Cinquenta e dois voluntários participaram da pesquisa, em visita única ao laboratório, e foram
submetidos a um protocolo com estimulação por BB, em ordem randomizada, intercalados com
TCBC. Os resultados demonstraram que a estimulação por BB nas frequências beta e gama não
impactaram nas respostas interoceptivas de AcI [χ2
(2) = 4,868; p = 0,088] e sensibilidade
interoceptiva (SeI) [χ2
(2) = 3,767; p = 0,152]. Por fim, foi conduzido um ensaio clínico
randomizado, com delineamento crossover e 12 semanas de duração. O objetivo foi investigar
se o treinamento de força com intensidade autosselecionada em conjunto com estimulações por
BB influenciava os sintomas de depressão e as respostas interoceptivas de adultos. Vinte e nove
participantes foram inicialmente divididos em grupos de: a) somente exercício (EX); e b)
exercício mais estimulação por BB (EX+BB). No meio da intervenção, foi realizada uma troca
nas condições alocadas no início do estudo. Os resultados demonstraram que houve uma
diminuição significativa nos sintomas de depressão ao longo de 6 semanas (9,34 ± 5,84 u.a.) e
12 semanas (8,52 ± 5,85 u.a.), em comparação com o momento pré intervenção (13,69 ± 7,33
u.a.). Também foram encontradas diferenças significativas mostrando que houve melhoras na
AcI ao longo do tempo [F(1.966; 45.222) = 5,995; p = 0,005; ηp
2
= 0,207] e entre os grupos [F(1; 23)
= 5,073; p = 0,034; ηp
2
= 0,181]. Conclui-se então que o exercício de força autosselecionado
parece impactar positivamente os sintomas de depressão e as respostas interoceptivas.