AVALIAÇÃO DO NÍVEL SÉRICO DE VITAMINA D EM INDIVÍDUOS COM HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA ANEURISMÁTICA VIVENDO ENTRE OS TRÓPICOS
vitamina D sérica; hemorragia subaracnoideia aneurismática; zona tropical;
A hemorragia subaracnoidea (HSA) não traumática corresponde a
cerca de 3-5% dos acidentes vasculares agudos, situação que traz grandes
impactos não apenas para a saúde do indivíduo, mas também influencia no sistema
socioeconômico do entorno. A principal causa de HSA não traumática é a
aneurismática. Nesse contexto, é amplamente explorado o grande espectro de
influência extra-esquelética do metabolismo da vitamina D, bem como estudos
quanto ao seu impacto no sistema cardiovascular, incluindo a formação e ruptura de
aneurismas cerebrais. Objetivos: Avaliar o nível de vitamina D sérica em pacientes
vivendo em zona tropical que sofreram hemorragia subaracnoideia aneurismática e
sua correlação com as características demográficas e neurológicas. Metodologia:
Trata-se de um estudo analítico de corte-transversal para avaliar o nível sérico da
vitamina D em uma população de estudo de 99 pacientes atendidos e
diagnosticados com HSA em um hospital público de Recife- PE em um período de
11 meses. Resultados: Na amostra de estudo, composta por indivíduos com alta
exposição solar devido ao estilo de vida que levam em região tropical, observamos
insuficiência de vitamina D (85,9%), com mediana de 19,9 ng/ml, embora a maioria
dos indivíduos sejam de pele com alta concentração de melanina fototipo IV e V,
39,4 % e 17,2% respectivamente. Além disso, são altas as taxas de exposição solar
(IS 9,03 P50). A maioria dos indivíduos foram do sexo feminino (79,8%); não houve
diferença estatística quanto ao índice solar entre os sexos. Quanto as repercussões
neurológicas, não houve relevância estatística nas escalas clínicas de prognóstico
avaliadas. Discussão: Como a amostra foi composta principalmente por indivíduos
que tem como atividade econômica a agricultura, os valores de índice solar
constatado são amplamente superiores a de outros estudos conduzidos em regiões
de alta latitude. Em consoante com a revisão literária, alguns aspectos foram
levantados com o objetivo de justificar tais achados que perpassam desde base da
alimentação pobre desses indivíduos, o aumento de melanina na pele e alterações
genéticas que nos direciona para possíveis mecanismos de fotoproteção natural as
altas exposições solares verificadas. Sendo assim, tivemos ampla maioria (85%) de
insuficiência de vitamina D o que de fato nos faz indagar a possibilidade de existir
alguma influência do calcitriol nos receptores da vitamina D (VDR) nas paredes
vasculares e no sistema cardiovascular como um todo, que influenciem em eventos
hemorrágicos desta natureza. Já com relação às repercussões neurológicas,
mensuradas através de escalas de avaliação (escala de coma de Glasgow, WFNS,
Hunt-Hess e escala tomográfica de Fisher) não houve diferença significativa dos
resultados. Conclusão: Por se tratar apenas de um estudo descritivo, a relação
causal dos fatos não pode ser estabelecida. A despeito disso, é relevante o fato de
que em uma população exposta a uma alta exposição solar e acometida por HSA
aneurismática apresente uma taxa significativa de insuficiência de vitamina D.
Portanto, endossa as teorias de que a influência dessas moléculas derivadas do 7-
deidrocolesterol podem ter um papel importante na fisiopatologia de patologias
vasculares, como o aneurisma cerebral e a HSA.