SENSO DE COERÊNCIA DE MÃES QUE CONTINUAM EM ALEITAMENTO MATERNO EM CRECHES PÚBLICAS
Senso de Coerência, Aleitamento Materno Complementado, Promoção da Saúde Alimentar e Nutricional e Serviços de Saúde Escolar
O aleitamento materno apresenta reconhecidos benefícios nutricionais, imunológicos e psicossociais,
sendo recomendado de forma exclusiva até os seis meses de vida e complementado até os dois anos ou
mais. No entanto, a manutenção dessa prática é desafiada por fatores institucionais e sociais, como a
inserção precoce da criança em creches e a fragilidade em políticas de apoio adequadas. A Teoria
Salutogênica, por meio do construto senso de coerência, propõe que indivíduos com alto senso de
coerência têm maior capacidade de lidar com adversidades e adotar comportamentos mais saudáveis.
Este estudo teve como objetivo analisar a associação entre o senso de coerência materno com o
Aleitamento Materno Continuado em crianças de seis meses a menos de dois anos, matriculadas em
creches públicas do município do Recife. Trata-se de um estudo transversal e analítico, realizado com
cento e sessenta mães de crianças matriculadas em creches com berçários, nas Regiões Políticas
Administrativas I, III e IV do município do Recife, Pernambuco, Brasil. Os dados foram coletados por
meio de entrevistas individuais semiestruturadas e uso da escala SOC-13, no período de setembro de
2024 a maio de 2025. A escala SOC- 13 é constituída por treze questões, que são distribuídas em três
componentes: compreensibilidade, manejabilidade e significância, os componentes definem a
capacidade do indivíduo de compreender, gerenciar e dar significado às situações cotidianas da vida. A
pesquisa considerou o senso de coerência materno como variável preditora e o aleitamento materno
continuado como variável de desfecho, relacionando-as às variáveis sociodemográficas, gestacionais e
de aleitamento. A análise dos resultados foi realizada utilizando regressão logística binária, com
modelos simples e ajustados, incluindo variáveis com p- valor até 0,20 na análise multivariada.
Os resultados mostraram que o senso de coerência não apresentou relação significativa com a com o
aleitamento materno continuado em crianças de creches públicas. Contudo, foram identificados alguns
fatores que se associaram à permanência dessa prática, como uma maior duração do aleitamento
exclusivo, a não utilização de bicos e chupetas, a proximidade da creche, a ocupação materna
extradomiciliar e experiências positivas anteriores com a amamentação. Conclui-se que, embora a
hipótese inicial não tenha sido confirmada, os resultados evidenciam fatores relevantes que podem
subsidiar a elaboração de políticas públicas para o incentivo e apoio ao aleitamento materno no
contexto das creches.