AVALIAÇÃO IMEDIATA DA DEGLUTIÇÃO DE SALIVA E GRAVIDADE DO RISCO DE BRONCOASPIRAÇÃO EM PACIENTES CRÍTICOS NAS PRIMEIRAS 24H PÓS EXTUBAÇÃO
Disfagia. UTI. Extubação. Broncoaspiração. Fonoaudiologia.
Introdução: A disfagia orofaríngea é uma complicação comum e grave em pacientes críticos, especialmente no período pós-extubação, representando um risco significativo para a broncoaspiração. Fatores como a intubação orotraqueal prolongada e a idade avançada do paciente potencializam esse risco. A avaliação precoce da deglutição nas primeiras 24h, particularmente da saliva, é crucial, mas a literatura ainda carece de estudos para este momento.
Objetivo: Este estudo teve como objetivo principal avaliar a deglutição de saliva nas primeiras 24 horas após a extubação em pacientes críticos, buscando classificar o grau de comprometimento funcional e o risco de broncoaspiração.
Metodologia: Trata-se de um estudo analítico, prospectivo e observacional, realizado em uma Unidade de Terapia Intensiva. A amostra foi composta por 14 pacientes extubados, com idade superior a 18 anos e tempo de intubação maior que 48 horas. A coleta de dados incluiu a análise de prontuários, a avaliação imediata da deglutição de saliva 1h após a extubação e a aplicação das escalas Gugging Swallowing Screen (GUSS), Escala de Avaliação Clínica de Disfagia (EGD) e Escala Funcional de Ingestão Oral (FOIS) 24h pós-extubação. A análise estatística utilizou o teste Qui-quadrado, com nível de significância de 5%.
Resultados e Discussão: A amostra de pacientes, com idade média de 69,14 anos e alto valor de SAPS 3, apresentou um perfil de risco acentuado. Observou-se uma alta prevalência de comprometimento da deglutição. A avaliação pela GUSS revelou que 92,9% dos pacientes possuíam algum grau de risco de broncoaspiração, enquanto a EGD classificou 71,5% da amostra com disfagia orofaríngea moderada a grave. O grave comprometimento funcional foi confirmado pela FOIS, com 57,1% dos pacientes sem condições de dieta por via oral. O teste de comparação de proporção foi significativo para os fatores: vigilância, ausência de deglutição espontânea de saliva e acúmulo de saliva na inspeção de cavidade oral, indicando que o perfil descrito nestes fatores foi estatisticamente o mais freqüente no grupo de pacientes avaliados. Os resultados reforçam a alta prevalência de disfagia na população estudada e a importância da intervenção fonoaudiológica precoce.
Conclusão: Conclui-se que a avaliação da deglutição de saliva nas primeiras 24 horas após a extubação é uma prática fundamental para a segurança do paciente. O estudo reforça o papel
central do fonoaudiólogo na triagem e no manejo da deglutição em pacientes críticos extubados. Sugere-se o desenvolvimento de futuras pesquisas que validem o impacto de intervenções fonoaudiológicas imediatas intervenções na morbimortalidade.
Palavras-chave do trabalho: Disfagia. UTI. Extubação. Broncoaspiração. Fonoaudiologia.