SARCOPENIA E RISCO DE TOXICIDADE NO TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO EM PORTATORAS DE NEOPLASIA DE MAMA
câncer de mama; quimioterapia; sarcopenia; toxicidade.
Introdução: A sarcopenia e a obesidade sarcopênica (OS) têm sido associadas a pior tolerância e desfechos clínicos em mulheres com câncer de mama em tratamento quimioterápico. Entretanto, a relação entre essas condições e a toxicidade à quimioterapia ainda precisa ser melhor investigada. Objetivo: Avaliar a ocorrência de sarcopenia e sua associação com toxicidades e intercorrências durante a quimioterapia em mulheres com câncer de mama, bem como explorar a presença de OS e possíveis diferenças segundo a faixa etária. Métodos: Estudo de coorte prospectivo (fev/2022–set/2023) com 150 mulheres em quimioterapia em clínica oncológica de Recife. Realizaram-se avaliações no início (T0) e ao término (T1) do tratamento, as quais incluíram triagem nutricional (ASG-PPP, SARC-F, SARC-CalF), antropometria, bioimpedância (para composição corporal), força de preensão palmar, velocidade de marcha, exames bioquímicos, intercorrências (adiamento de ciclo, redução de dose, interrupção) e toxicidades ao tratamento. Estas foram classificadas pelo CTCAE versão 5.0. Associações foram testadas pelo qui-quadrado/Fisher e considerados estatisticamente significantes quando valor de p ≤ 0,05. Resultados: Apesar de 98,6% terem sido consideradas sem risco nutricional, na ASG-PPP, observaram-se alterações expressivas de composição corporal no basal, como: excesso de peso (62,0%), obesidade abdominal (55,7%), sarcopenia (18,2%) e OS (9,1%). A sarcopenia associou-se à redução de dose em T1 (p=0,004); à anorexia em T0 (37,9% vs. 13,1%; p=0,004) e T1 (37,0% vs. 7,1%; p=0,001); e à constipação em T0 (28,0% vs. 12,9%; p=0,046). A OS não se associou significativamente às intercorrências, embora com tendências pontuais no basal (p>0,05). Idosas apresentaram maior interrupção do tratamento (p=0,031) e maior prevalência de anorexia (44,8% vs. 17,6%; p=0,003). Conclusão: A sarcopenia foi prevalente já no início do tratamento e relacionou-se a maior necessidade de redução de dose e a sintomas relevantes, especialmente anorexia, sugerindo impacto clínico na condução terapêutica. A OS não mostrou associação estatística com intercorrências nesta amostra. Os achados reforçam a incorporação de avaliação sistemática da composição corporal e rastreio de sarcopenia na prática oncológica, com monitoramento e intervenções nutricionais individualizadas, sobretudo em idosas.
Palavras chave: câncer de mama; quimioterapia; sarcopenia; toxicidade.