PPGEDUC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO CONTEMPORANEA - CAA CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE - CAA Téléphone/Extension: 81997967779

Banca de QUALIFICAÇÃO: JIMY DAVISON EMIDIO CAVALCANTI

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: JIMY DAVISON EMIDIO CAVALCANTI
DATA : 19/12/2024
LOCAL: SALA VIRTUAL
TÍTULO:

EDUCAÇÃO E AGÊNCIA NÃO-HUMANA


PALAVRAS-CHAVES:

educação, agência, não-humanos, fabulação especulativa.


PÁGINAS: 179
RESUMO:

A ideia da investigação surgiu de um apelo feito pelo xamã yanomami Davi Kopenawa. O xamã
pergunta se nós, povo da mercadoria, vamos à escola para aprender a destruir, referindo-se a toda destruição que
nosso modo de existência ocidental contemporâneo dirige a humanos e não-humanos. Ailton Krenak, um de seus
interlocutores, diz que nossa educação chapa as pessoas de ideias e as solta para sair destruindo tudo. Uma delas,
a ideia de excepcionalidade humana, que espelha uma ruptura ontológica radical entre humanos e não-humanos,
atribuindo aos primeiros superioridade, independência e soberania em relação aos não-humanos. Estes,
despersonalizados, porque não têm mente ou agência, existem como recurso para os deleites dos humanos.
Todavia, em outras cosmologias, não-humanos têm agência, mente e alma. A exemplo de cosmologias de povos
indígenas, como os yanomami e os krenak, humanos e não-humanos formam uma sociocosmo, havendo alianças
políticas, sociais, parentais, entre corpos de diferentes espécies. Mas não apenas, porque existem pensadores e
pensadoras do Ocidente em cujas teorias há lugar para agência não-humana. O animismo não consiste num
privilégio dos chamados “povos primitivos”. Sintomaticamente, esses dois conjuntos de cosmologias têm pouco
espaço no pensamento educacional. Parece que apenas humanos educam humanos. A investigação que
propomos, portanto, em tom de resposta a Kopenawa, tem o objetivo de especular as consequências para o
pensamento da educação na situação em que não-humanos têm agência. Teoricamente, a investigação se situa
entre o realismo especulativo e os novos materialismos. Faz aliança com o Realismo Agencial da física-filósofa
Karen Barad e com o Animismo Futuro do filósofo e performista Hilan Bensusan. Com Barad, podemos pensar a
agência entre humanos e não-humanos porém sem a tomar como propriedades de uns ou de outros. A agência
ativa-os e a própria distinção entre uns e outros acontece tão somente com a ativação. Com Bensusan, podemos
experimentar como que uma diáspora da agência, pensando através de diferentes modos de animismos, como
ontologias em que humanos e não-humanos têm agência. Uma tradução teórica torna-se necessária para
caminhar com ambas: tomar educação como diferenciação. O que ganha apoio na noção de aprendizagem em
filosofias da educação inspiradas no pensamento deleuziano. Barad e Hilan falam em agência entre não-
humanos, mas não tratam de agência educativa. Nosso trabalho consistirá, portanto, em, explorando as teorias de
ambos, especular se não-humanos têm agência educativa. Temos, portanto, três categorias articulantes da
investigação: educação, não-humanos e agência. A partir dessa delimitação, o objetivo geral se desdobra em três
específicos: 1) traçar um percurso com as argumentações que sustentam a excepcionalidade humana apontando
suas possíveis influências no pensamento educacional no Ocidente; 2) explorar o modo como não-humanos
participam na diferenciação de corpos humanos através da noção de agência no Realismo Agencial; e 3) explorar
se e em que circunstâncias a agência não-humana tem potência educativa desde uma perspectiva animista.
Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa teórico-bibliográfica. Nomeamos a maneira de investigação como
fabulação especulativa. Para traçar seus pressupostos e gestos investigativos, recorremos a pensadores e
pensadoras do realismo especulativo. Em destaque, Isabelle Stengers e Steven Shaviro. A especulação, tal como
a entendemos aqui, não ostenta dizer a verdade do mundo nem defender como o mundo deve ser. Procura tão
somente contribuir com ideias que possam fazer outras ideias se moverem. Faz uso das ferramentas “e se” e
“como se” para movimentar uma experiência de pensamento desde a qual podemos fabular outras imagens de
educação, que não estejam capturadas pela ideia de excepcionalidade humana. Como fabulação, materializar-se-
á ao modo de narrativas, com personagens específicos pelos quais poderemos movimentar o pensamento em três

cenários distintos: um, em que não-humanos não têm agência; outro, em que nem humanos nem não-humanos
não têm agência; e um terceiro, em que humanos e não-humanos têm agência. Com o trabalho que realizamos
até o momento, pudemos avançar em torno da ideia da excepcionalidade humana. Alguns efeitos da
investigação, resultados, encontram-se no projeto. Dentre eles, pudemos chegar a uma ideia geral, e ainda
incipiente, do que se chama de excepcionalidade humana. Através da leitura de artigos e ensaios que tratam
diretamente dessa ideia em diferentes áreas do conhecimento, pudemos coletar algumas pistas que remontam a
uma espécie de percurso argumentativo que sustenta a excepcionalidade humana, composto, de certa forma, por
dois caminhos que se influenciam e se distanciam mutuamente, os quais distinguimos como caminho profano e
caminho sagrado. Notamos também que, sintomaticamente, nenhum dos artigos encontrados tematizam a
educação. Por fim, fazemos alguns apontamentos iniciais para possíveis articulações com o pensamento da
educação contemporânea. A pesquisa justifica-se pelo débito para com o apelo de Kopenawa, que aponta para
nós, que vivemos às voltas com o pensamento da educação; pela possibilidade de ampliar o espectro da
alteridade na linha Educação e Diversidade, variando de marcadores sociais para marcadores ontológicas,
abrindo uma brecha para pensar relações sociais, educativas e políticas para além da alcova do meramente
humano; e por contribuir para o pensamento educacional contemporâneo com teorias e cosmologias relevantes e
até pouco marginalizadas.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - DIOGO BARROS BOGÉA
Externo ao Programa - 2331083 - ALEXANDRE SIMAO DE FREITAS - nullInterno - ***.392.114-** - FERNANDO DA SILVA CARDOSO - PUC - RJ
Presidente - 1727235 - MARIO DE FARIA CARVALHO
Notícia cadastrada em: 13/12/2024 15:26
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