MODELOS COSMOLOGICOS: interfaces entre Astronomia e Artes no Ensino Medio
Ensino de Astronomia, Arte e Ciência, Interdisciplinaridade
Este trabalho investiga as potencialidades da integração entre Arte e Astronomia como estratégia pedagógica interdisciplinar no Ensino Médio, visando trazer como a relação entre essas áreas podem auxiliar na interpretação e compreensão de modelos cosmológicos pelos estudantes. Desenvolvido no formato de pesquisa-ação, propõe, aplica e analisa uma sequência didática composta por quatro aulas, voltadas para a construção de conexões significativas entre conteúdos científicos e manifestações artísticas. O estudo foi realizado com uma turma da rede pública, no contexto de uma disciplina eletiva, e se baseou na abordagem qualitativa de análise, utilizando como procedimentos metodológicos a observação participante, registros em diário de campo, produções textuais e visuais dos estudantes, além de rodas de conversa. A análise dos dados seguiu dois eixos principais: a análise de conteúdo, com base em Ludke e André. e a análise semiótica das produções pictóricas dos estudantes, orientada pela metodologia de Joly e inspirada em estudos aplicados como o de Ramos et al. As evidências foram organizadas a partir de três dimensões de análise: (i) conexões entre ciência e arte; (ii) compreensão dos modelos cosmológicos apresentados; e (iii) interpretação desses modelos pelos estudantes. As atividades desenvolvidas contemplaram desde a construção de narrativas mitológicas sobre constelações até a criação de planetas fictícios e a elaboração de pinturas representando interpretações livres e criativas do cosmos. As análises revelam a presença de significados simbólicos, ecológicos, sociais e científicos nas produções, que extrapolam o conteúdo conceitual, promovendo uma aprendizagem que abarca aspectos cognitivos, estéticos e éticos. As pinturas, evidenciaram, por meio de recursos plásticos, icônicos e linguísticos, as múltiplas formas pelas quais os estudantes reinterpretaram os modelos cosmológicos apresentados. Os resultados indicam que os estudantes se apropriaram dos conceitos discutidos em aula, integrando-os com repertórios culturais, imaginativos e afetivos, e que a abordagem interdisciplinar adotada favoreceu a expressão autônoma e a reflexão crítica sobre os conteúdos astronômicos. Conclui-se que práticas educativas que valorizam a articulação entre ciência e arte podem promover não apenas uma maior compreensão dos fenômenos astronômicos, mas também um engajamento mais significativo e afetivo com o conhecimento. A pesquisa reforça a relevância de propostas curriculares interdisciplinares, sensíveis à diversidade de saberes e formas de expressão dos alunos, e evidencia o papel do professor como mediador crítico nesse processo. Além disso, destaca-se que a interdisciplinaridade não apenas aproxima diferentes áreas do saber, mas também contribui para a formação de sujeitos mais criativos, reflexivos e abertos ao diálogo entre razão e sensibilidade.