A Efetividade do PBL no Ensino de Sistemas de Informação: Uma
Análise Longitudinal Ex Post Facto
Educação em Computação; Ensino Superior; Problem-Based
Learning; PBL; Desenvolvimento de Competências; Gestão de Competências;
Análise de dados.
A entrada de novos profissionais no mercado de trabalho de Computação está
cada vez mais competitiva, exigindo inúmeras competências técnicas,
não-técnicas e experiência prática. Na Academia, por um lado, a formação
ainda possui um viés majoritariamente técnico e teórico, limitando o
estudante quanto às demandas exigidas pelo mercado, além de não cativar o
seu interesse. Por outro lado, os docentes precisam se adaptar
constantemente aos avanços tecnológicos, enquanto mantêm o engajamento
discente e os preparam para o mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que
lidam com as limitações estruturais, sobrecarga de turmas com números
excessivos de alunos e a cobrança contínua por resultados. Diante disso, as
metodologias ativas de ensino surgem para superar lacunas na formação, com
abordagens de ensino compatíveis à necessidade do mercado de trabalho. Este
estudo, portanto, visa avaliar a efetividade de uma dessas metodologias,
baseada no modelo PBL (Problem-Based Learning), por meio de uma análise
longitudinal ex post facto em dezessete turmas de uma disciplina do curso
de Sistemas de Informação de uma universidade pública brasileira. A partir
de dados coletados por meio do uso do modelo de avaliação PBL-SEE, os
resultados evidenciam a efetividade sob os três níveis: Aluno (com cinco
dimensões), Metodologia e Ensino. A análise considerou o desenvolvimento de
competências não-técnicas dos discentes, o domínio técnico dos conteúdos, a
satisfação do cliente, a condução e a gestão dos projetos e a qualidade das
soluções propostas, no nível do Aluno, além da maturidade metodológica e a
avaliação do ensino nos outros dois níveis. Os estudantes apresentaram
evolução entre o primeiro e último ciclo de aprendizagem nas cinco
dimensões do seu nível, com destaque para um crescimento de 16,4% na
dimensão de Processo. Quanto às competências não-técnicas, Colaboração,
Comprometimento e Avaliação foram as mais evidenciadas, enquanto a
Inovação, Planejamento e Autoiniciativa foram as mais desafiadoras. A
Metodologia aplicada demonstrou uma alta maturidade classificada como
“Satisfatória”, com valor médio de 8,92 (em escala de 0 a 10) na aderência
aos princípios do PBL entre as turmas avaliadas. O Ensino também foi
classificado como “Bom”, com média de 4,55 (em escala de 1 a 5) nos 15
aspectos avaliados. Por fim, a partir da percepção dos discentes, uma
análise qualitativa em 142 pontos fortes e 79 pontos de melhoria traz
considerações para o aprimoramento das práticas docentes e para o aumento
da maturidade metodológica nas futuras aplicações.