FOUCAULT EM SALA DE AULA: ENTRE O DISCURSO DO PODER E A LIBERDADE DO CUIDADO DE SI.
Cuidado de si. Escola. Ensino Médio. Filosofia. Foucault.
O discurso curricular é um instrumento utilizado pela legislação educacional e se traduz em ações na escola e em mecanismos que deve ajustar as condições pedagógicas à realidade dos estudantes, dentro de um modelo padrão a ser seguido. A escola, que tem sua gênese concomitante ao alvorecer do capitalismo funciona como uma instituição – até os dias atuais – marcada muito mais pela presença de filas, classes, horários, disposições perfiladas em séries, operadores avaliativos de classificação, sob o olhar e o poder da gestão ou do professor em sala de aula. Inclusive com a possibilidade constante de rotulação dos estudantes em indisciplinados, preguiçoso, problemático, esforçado, entre outros, reforçando o caráter competitivo e individual da realidade cultural escolar. Nesse sentido, a presente dissertação tem como objetivo, a partir das leituras de Michel Foucault, discutir com os estudantes do Ensino Médio, nas aulas de filosofia, o conceito de autonomia, ou seja, da liberdade do cuidado de si, a partir da “Hermenêutica do sujeito”, com foco no diálogo sobre as relações de poder, seus alcances e seus limites em sala de aula e na escola; e, de modo especifico investigar o conceito de cuidado de si e hermenêutica do sujeito; discutir o significado das relações de poder que se estabelecem na comunidade escolar e quais as ideologias que perpassam a prática pedagógica; realizar um intervenção didática em sala de aula, no Ensino Médio, a partir da leitura e reflexão de textos de Foucault e da análise dos estudantes sobre os mesmo, em comparação com a realidade. A leitura de Foucault permite entender que todo o processo escolar deve ser traduzido em exercícios como uma forma de empregar tempo; as classes para articular os gestos e a postura para ler, escrever, recitar; os horários, atribuições de tarefas com certa duração e ordem, cronometricamente direcionadas, a sala de aula como o único e exclusivo espaço de aprendizagem, a relação professor (que ensina) e o estudante (que aprende), mesmo nas escolas e com os profissionais que tentam quebrar esse paradigma