CRÍTICA SOCRÁTICA À MACROLOGIA E O CORRETO MODO DE COMPOR DISCURSOS EM PROL DO ENSINO DE FILOSOFIA EM VISTA DE UMA PEDAGOGIA FREIREANA
Sócrates. Macrologia. Paulo Freire. Educação dialógica. Ensino de filosofia.
Platão (428/427-348/347 a.C.), dispondo da construção e expressão de suas teorias e ideias através do diálogo, explora este estilo como principal modo de comunicar as mesmas, em um exercício dialético para a ascensão do conhecimento à verdade. Nas obras intituladas Protágoras e Górgias, por meio da voz socrática, identifica-se uma crítica realizada por essa personagem platônica à forma macrológica (falar de maneira ostensiva/prolongada) através da qual seus interlocutores - Protágoras e Górgias - compõem seus discursos e, o mesmo, parte em defesa de uma forma mais benéfica - braquiológica - para se elaborar explanações que visem a exposição de determinado conteúdo, tais que sejam mais próprias para a comunicação. Atentando-se, também, a voz freireana, expressa na obra Educação como Prática de Liberdade, Paulo Freire (1921-1997) propõe uma abordagem dialógica para educação que visa a culminância do processo de ensino-aprendizagem a vista de uma formação integral dos indivíduos, que se efetiva em um espaço disponível e saudável para a realização dos diálogos em relação ao desenvolvimento das potencialidades cognitivas e interesses dos(as) educandos(as). No entanto, tem-se em conta que os(as) professores(as) de filosofia, atualmente, em função das demandas de sua profissão, acabam por tornar o momento de explanação do conteúdo para os(as) estudantes em intermináveis monólogos. Por isso, é deveras relevante refletir sobre a maneira pela qual é disposta a atenção do docente em elaborar suas aulas, no sentido de desenvolver no ambiente educativo uma aura dialógica-comunicativa. Neste sentido, admitindo um paradigma hermenêutico e por se tratar de uma pesquisa bibliográfica, o objetivo geral desta pesquisa é investigar limites e possibilidades da crítica socrática aos discursos longos (prejudiciais à uma comunicação profícua) relacionada com as propostas pedagógico-filosóficas de Paulo Freire (em sua teoria sobre a educação dialógica) enquanto metodologia do ensino de filosofia no ensino médio e aplicar tal apreensão conceitual na produção de ''sequências didático-filosóficas'' (enquanto PTT) para professores(as) de filosofia no Ensino Médio.