ENSINO DE FILOSOFIA E DIALÉTICA HEGELIANA: Limites e possibilidades
Hegel. Dialética. Aufheben. Suprassumir. Ensino de filosofia. Propedêutica filosófica.
Em um tempo marcado por fragmentação, superficialidade e alienação do pensamento, que lugar resta à filosofia como formação do espírito? E que papel pode ter a dialética, enquanto estrutura do real e do saber, no contexto educacional contemporâneo? A presente pesquisa nasce da constatação de uma cisão latente no ensino contemporâneo de filosofia: por um lado, exige-se o desenvolvimento do pensamento crítico como finalidade educativa; por outro, observa-se, na prática escolar, uma persistente superficialidade reflexiva, marcada pela repetição de fórmulas, ausência de mediação conceitual e dificuldade de articulação entre teoria e experiência. O que se apresenta, portanto, não é apenas uma deficiência metodológica, mas uma fragilidade na própria estrutura do pensamento pedagógico, incapaz de formar sujeitos que pensem o real em sua complexidade e contradição. É neste ponto que a dialética hegeliana ressurge com força filosófica e pedagógica. Longe de um mero método argumentativo, a dialética, tal como concebida por Hegel, é a própria estrutura do real em processo, um movimento que se dá por negação, conservação e elevação a uma unidade reconciliada. Em sua forma mais plena, esse movimento é também formativo: o espírito só se realiza ao atravessar a alteridade, e o conhecimento só se constitui na mediação. Pensar a educação a partir da dialética hegeliana é, portanto, pensar a formação como um processo em que o sujeito se reconhece ao se perder, e se eleva ao integrar aquilo que parecia estranho. O campo educacional não é alheio a essa estrutura: ele próprio é palco de contradições históricas e subjetivas que podem gerar consciência crítica verdadeira. Como pensar a dialética hegeliana, em sua radicalidade conceitual, não apenas como teoria do real, mas como possibilidade formativa no contexto do ensino de filosofia, capaz de produzir sujeitos pensantes, conscientes e historicamente situados? Neste sentido, considerando um paradigma hermenêutico e por se tratar de uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, esta pesquisa tem como objetivo geral investigar limites e possibilidades da dialética hegeliana como estratégia metodológica no ensino de filosofia do ensino médio a partir de trechos seletos de obras de Hegel, incluindo "Fenomenologia do Espírito", "Ciência da Lógica", “Enciclopédia das Ciências Filosóficas”, “Filosofia do Direito” e, mais especificamente, “Discursos Sobre Educação” e “Propedêutica Filosófica”.