O PENSAMENTO DIALÓGICO DE MARTIN BUBER E A FORMAÇÃO HUMANA:
Perspectivas para o Ensino de Filosofia como Experiência de Encontro.
Martin Buber. Ensino de Filosofia. Formação Humana. Diálogo. Alteridade.
As transformações socioculturais contemporâneas revelam uma crise de sentido nas relações humanas, marcada pelo enfraquecimento dos vínculos sociais, pelo individualismo e pela indiferença diante da alteridade. Esse cenário afeta os processos educativos, exigindo reflexões que ultrapassem os modelos técnicos e conteudistas de ensino em direção a uma formação humana integral, ética e dialógica. Nesse contexto, o Ensino de Filosofia, especialmente na educação básica, apresenta-se como um espaço privilegiado para práticas pedagógicas que promovam o diálogo, a escuta e a constituição do sujeito em relação com o outro. A filosofia do diálogo de Martin Buber (1878–1965) oferece fundamentos significativos para pensar a formação humana em tempos de fragmentação e desumanização. Em obras como Eu e Tu (2001) e Do Diálogo e do Dialógico (2017), o autor propõe uma ontologia da relação que compreende o ser humano como essencialmente relacional. A distinção entre as relações Eu–Tu, expressão do encontro autêntico, e Eu–Isso, marcada pela objetificação do outro, constitui o núcleo de sua filosofia, que inspira uma ética do encontro e da presença. A pesquisa parte da hipótese de que o pensamento dialógico de Buber pode subsidiar a ressignificação do Ensino de Filosofia como espaço de formação de sujeitos éticos e abertos à alteridade. Assim, busca responder: como o pensamento dialógico de Martin Buber pode fundamentar uma proposta de Ensino de Filosofia voltada à formação humana? De natureza qualitativa e abordagem teórico-bibliográfica, a pesquisa analisa obras de Buber e de autores contemporâneos sobre formação humana, ensino de Filosofia e pedagogia crítica. Pretende-se propor diretrizes pedagógicas que articulem o pensamento buberiano com as diretrizes curriculares nacionais, orientando práticas educativas centradas no encontro, na escuta e na responsabilidade diante do outro.