“FAZ UM LAMBEDOR PARA ESSA MENINA!” DECOLONIZANDO O ENSINO DE HISTÓRIA A PARTIR DOS SABERES TRADICIONAIS SOBRE AS PLANTAS
Ensino de História; Decolonialidade, Saberes Tradicionais sobre as Plantas.
Este trabalho tem o objetivo de apresentar uma metodologia de Ensino de História inspirada nos saberes e usos tradicionais das Plantas a fim de desenvolver um trabalho que atenda aos Componentes Curriculares de História de Pernambuco, às Habilidades da BNCC e aos debates de uma proposta pedagógica Decolonial. Nesse sentido, busca efetivar princípios das leis 10.639/2003 e 11.645/2008 que determinam a obrigatoriedade da inclusão da História e cultura dos povos afrodescendentes e indígenas no âmbito do currículo escolar. Partimos da crítica de que as perspectivas da colonialidade são reestabelecidas através das estruturas sociais e defendemos que é de fundamental importância que professores de História se mantenham atentos a esses debates para que possam desconstruir os padrões estruturais do racismo. Para efetivar esse compromisso, acreditamos, é possível valer-se da proposta da Pedagogia Decolonial. Tradicionalmente os usos tradicionais das plantas formam um conteúdo muito relacionado às áreas das ciências naturais, particularmente, da biologia vegetal e da botânica. Embora, podemos compreender que as plantas estão em nossa construção histórica como sujeitos por meio de diversas motivações e processos, seja através dos conhecimentos que aprendemos com nossos antepassados, através de ritos religiosos, das benzedeiras, dos bons hábitos alimentares, da ornamentação, do autocuidado com as ervas, nas produções de chás, lambedores, garrafadas e até mesmo através da indústria farmacêutica. Dessa maneira, sugerimos que esses conteúdos sejam tomados como saberes historicamente construídos e artefatos de memórias coletivas de diferentes comunidades. Essa leitura histórica nos possibilita a construção de um trabalho interdisciplinar no qual professores e estudantes desenvolvam uma educação decolonial, ou seja, disposta a combater os efeitos da colonialidade do poder, do saber e do ser. A intenção é pensar e exercitar um Ensino de História que não esteja mais baseado nos valores que certifiquem a colonialidade estabelecida pelas relações raciais desiguais e hierárquicas, mas que, contrariamente, procure decolonizar o nosso pensamento. Portanto, discutir os conhecimentos tradicionais sobre as plantas no Ensino de História, possibilita aos jovens acessarem outras formas de conhecer sobre nosso passado e presente, com outro olhar, com outro sentir, com outro saber, desconstruindo o colonialismo e o epistemicídio e reconstruindo memórias que estão sendo apagadas com as relações capitalistas e as produções subjetivas experienciadas numa cosmologia ocidental e capitalista. E para desenvolver uma educação decolonial pensamos em apresentar uma sequência didática como produto, construindo para os professores um passo a passo em como utilizar as Plantas Tradicionais no Ensino de História, como elas podem construir um ensino decolonial, ao ponto de que possamos contribuir para uma percepção integrada e holística da Educação e da História.