Como um terreiro se cria? Feituas, assentamentos e tombos em Caruaru - Pernambuco
antropologia da religião; Antropologia multiespécie; terreiro; etnografia
A tese parte da pergunta “Como um terreiro se cria?” para investigar o terreiro como um sujeito
mais-que-humano, em que relações entre humanos, entidades espirituais, animais, plantas e materialidades se
estabelecem. A partir de uma etnografia realizada no terreiro "Ilê Axé Ojú Obá Ayrá e Nanã", proponho uma
abordagem que considere o terreiro não como cenário, mas como interlocutor vivo, cujas feitura e existência se
sustentam em redes de dependência e coabitação. Inserida nos campos da antropologia multiespécie e da
religião afro-brasileira, a pesquisa dialoga com autores como Tsing, Rabelo, Goldman e Haraway, propondo
uma leitura ontológica e relacional do religioso. A estrutura da tese inspira-se nos ciclos de feituras,
assentamentos e tombos, articulando capítulos que tratam das diferentes camadas religiosas e como estas
fizeram a feitura do terreiro possível. A pesquisa questiona os limites do individualismo religioso, propondo
um entendimento do terreiro como devir composto e sujeito em constante atualização.