Trajetórias, cenas e rotinas: profissionais de Enfermagem e o trabalho cotidiano com
vacinas e vacinação
Antropologia da Saúde; Etnografia; Enfermagem; Vacinas; Vacinação;
Pandemia
No final do ano de 2019 passamos a experienciar uma situação de adoecimento coletivo, uma pandemia. Um vírus, denominado
SARS-CoV-2, passou a infectar seres humanos e provocar a doença Covid-19. A magnitude e impacto global da pandemia veio acompanhada da
preocupação de cientistas ao redor do mundo, entre elas/eles, antropólogas/os. Esta tese ganhou seus contornos em meio ao cenário pandêmico.
Dentre uma série de questões que poderiam mobilizar uma pesquisa em período de crise sanitária, problematizo e reflito sobre o lugar particular
ocupado por profissionais de saúde, mais especificamente profissionais da Enfermagem. Considero aqui as/os enfermeiras/os e técnicas/os de
enfermagem que trabalham cotidianamente na organização, planejamento e execução das ações de saúde pública voltada às vacinas e à vacinação
do calendário nacional e também contra a Covid-19. De modo a considerar a posição particular e crítica vivenciada pelas profissionais da
Enfermagem, esta tese tem como objetivo compreender, antropologicamente, como se conformam os usos e sentidos atribuídos por essas
profissionais às vacinas e à vacinação, levando ainda em consideração as novas implicações que o contexto pandêmico trouxe para a rotina
dessas/es sujeitas/os. Para subsidiar a argumentação proposta na tese, faço uma recuperação histórica sobre as vacinas e a vacinação no Brasil e
sobre a Enfermagem. Faço isso explorando ainda uma discussão sobre o trabalho do cuidado e também sobre a lente descritiva e analítica da
interseccionalidade. A pesquisa foi realizada através de trabalho de campo etnográfico tendo como foco as rotinas e experiências de profissionais da
Enfermagem que trabalham cotidianamente com vacinas e vacinação na cidade de Recife, Pernambuco. Profissionais com atuação tanto em
cargos/funções de assistência e cuidado direto à população como em cargos/funções de gestão. Mulheres negras, enfermeiras e técnicas de
enfermagem se tornaram as principais interlocutoras desta pesquisa e é a partir de suas trajetórias e de cenas e rotinas observadas em campo que
compreendo os usos e sentidos atribuídos às vacinas e a vacinação.