O balanço da bacia: água, crenças e sensorialidade na Huasteca Potosina central
Sacralidade da água, Percepção do ambiente, Etnologia Tének,
Enfoque de bacia, Habilidades
A escassez de água saudável é um problema que ocupa as agendas política, social e
econômicas ao redor do mundo. O conhecimento tradicional, enquanto estratégia de
adaptação às mudanças climáticas, desempenha um papel fundamental para pensar
em uma racionalidade ecológica como mediadora dessa problemática. O presente
trabalho se debruça sobre as atribuições sagradas da água entre os tenek da
Huasteca Potosina, isto com o objetivo de compreender o vínculo entre a sacralidade
e a formação da percepção ambiental. A hipótese de trabalho explora a relação
circular entre o modo de identificação tének e o desenvolvimento do sensorial, onde
habilidades, conhecimentos e tecnologia local operam como práticas de manutenção
do ecossistema. Nesse sentido, a metodologia qualitativa a desenvolver deriva de um
trabalho de campo extensivo e uma sistematização de dados baseado no modelo da
Grounded Theory. Baseado nas técnicas de observação direta, entrevista etnográfica,
cartografia participativa, registros audiovisuais, reportes oficiais com enfoque de bacia
hidrológica e pesquisa-ação. A evidência etnográfica explora a busca da água (alim
já), o curandeirismo, as danzas, o bordado tradicional, as benções de poço, e o
sistema de cargos como formas de conhecimento intimamente ligado com a
habilidade das pessoas para sentir o ambiente. Os resultados sugerem que a
sacralidade da água abrange um complexo cosmológico, bem como uma engenharia
vernácula para resolver problemas relacionados com o armazenamento,
disponibilidade e saneamento da água nas comunidades tének, muitas vezes como
resposta às pressões do exógenas. Embora a relação entre a visão externa
(conhecimento científico implementado pelas instituições públicas na Huasteca
Potosina) e o conhecimento local tének (kwajíl alwa) pondera critérios divergentes,
proponho pensar em um continuum epistemológico que concilie uma forma de
conhecimento baseada em resultados medíveis (ciência) com outra forma baseada
nas emoções que o conhecimento produz (estética relacional). Essa tensão positiva
buscará abrir uma janela para pensarmos em alternativas à situação ambiental atual.