O atravessamento da escola municipal Professor José da Costa Porto pelas fronteiras simbólicas do coque.
Fronteiras Simbólicas, urbanização, território, Coque, Escola.
O objetivo dessa dissertação é refletir sobre as fronteiras simbólicas presentes na comunidade do Coque a partir das relações sociais existentes na Escola Municipal Professor José da Costa Porto, e de que forma esta opera. Uma comunidade estigmatizada sob o signo da miséria, sobretudo da violência, pauta principal da mídia local, a partir da década de 1990, criando uma série de estigmas. O trabalho analisou o contexto histórico da comunidade evidenciando a formação de microterritórios, ou seja, várias áreas dentro do mesmo território. O processo de urbanização brasileira, a partir do século 20, baseou-se na emergência da cidade moderna na qual o houve crescimento não planejado e a criação de periferias. No contexto de Pernambuco, tem-se no Coque um exemplo que ilustra as desigualdades sociais que fizeram e fazem parte da formação da cidade do Recife. Na coleta de dados nos baseamos na observação não participante, na realização de três grupos focais com estudantes do 8o e 9o anos e de entrevistas individuais com integrantes do grupo de profissionais que atuam junto a estes. No tratamento dos dados utilizamos a Análise de Discurso. O Coque é considerado até hoje um lugar perigoso, e esta forma de percebê-lo interfere na forma com que a escola se relaciona com o bairro. Foi observado que atualmente há uma fluidez nas relações dos moradores e estudantes, a respeito do microterritório onde vivem, no entanto, há muitos resquícios dos elementos estigmatizantes relacionados à pobreza e à violência na escola, pois é neste espaço que várias áreas se cruzam, evidenciando a escola como um lugar de fronteiras simbólicas que operam de maneira a interferir no ambiente escolar, e no olhar que os próprios moradores ainda têm da comunidade.